Regras migratórias mais rígidas nos EUA geram cautela entre turistas internacionais

Período de alta temporada levanta dúvidas entre viajantes que, mesmo com vistos ou autorizações válidas, temem entraves na imigração americana

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Foto: Reprodução/Freepik

Com a aproximação das férias escolares no Brasil e o início do verão europeu, o turismo internacional entra em um dos períodos mais movimentados do ano. No entanto, o fluxo de visitantes para os Estados Unidos — destino tradicional entre brasileiros e europeus — pode enfrentar uma retração diante da percepção de maior rigidez nos procedimentos migratórios.

Rigor na imigração preocupa famílias em férias

Segundo o Institute of International Education (IIE), os EUA continuam sendo um dos países mais procurados por estrangeiros, tanto para fins turísticos quanto educacionais. Apesar disso, relatos de entrevistas extensas e checagens rigorosas na imigração têm causado apreensão entre famílias que planejavam viajar durante o recesso escolar.

Autorização eletrônica não garante entrada

Daniel Toledo, advogado especializado em Direito Internacional, afirma que, embora os vistos de turismo — como o B-2 — e autorizações eletrônicas, como o ESTA, permaneçam válidos, cresce o número de turistas preocupados com a abordagem mais rigorosa na entrada.

“Mesmo viajantes com autorização eletrônica têm relatado experiências desconfortáveis, com interrogatórios longos e negativas inesperadas”, explica.

O ESTA (Sistema Eletrônico para Autorização de Viagem) é um mecanismo que permite entrada facilitada nos EUA para cidadãos de países com acordo de isenção de visto, como Itália, Portugal, Espanha e Alemanha.

Muitos brasileiros com dupla cidadania europeia utilizam esse sistema para viagens de curta duração. No entanto, Toledo destaca que a entrada no país ainda depende da decisão do agente de imigração no momento do desembarque. “Mesmo com o ESTA aprovado, a autorização pode ser revogada. E quem utiliza esse sistema tem menos garantias jurídicas em caso de recusa”, alerta.

Critérios de entrada geram insegurança

A insegurança entre turistas cresce com os relatos de pessoas que, apesar de estarem com a documentação em ordem, foram impedidas de entrar nos EUA após longas entrevistas. O receio não se limita à negativa em si, mas à falta de clareza sobre os critérios adotados para a avaliação de viajantes.

Turistas europeus também buscam alternativas

Essa cautela também se reflete no comportamento de turistas europeus. De acordo com a European Travel Commission (ETC), destinos como Caribe, Japão e países mediterrâneos registraram aumento na procura para o verão de 2025, enquanto os Estados Unidos apresentaram estabilidade ou leve queda nas intenções de viagem.

Para Toledo, a mudança não representa uma política de proibição, mas sim um ambiente mais exigente. “O que observamos é uma maior subjetividade na análise de entrada, o que demanda mais preparo por parte do turista. Ter os documentos organizados, as reservas confirmadas e um roteiro definido pode fazer a diferença”, diz.

Agências de viagem também notaram um aumento na remarcação de viagens para países com entrada mais previsível ou sem necessidade de visto. A recomendação para quem mantém planos de visitar os EUA é investir em planejamento e buscar informações atualizadas com antecedência.

“O momento é de maior rigor, mas isso não significa que os Estados Unidos deixaram de ser um destino viável. Com responsabilidade e preparo adequado, o turista continua sendo bem-vindo”, conclui Toledo.

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