Mercados de bairro sobrevivem ao avanço dos grandes varejistas e oferecem oportunidade para inovação tecnológica

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Por muito tempo prevaleceu a ideia de que os grandes varejistas iriam engolir os pequenos mercados de bairro.

Mas a verdade é que o pequeno varejo ainda ocupa um espaço relevante na vida dos consumidores brasileiros e oferece uma série de oportunidades para a inovação.

É o que revela a pesquisa Digitalizando o Pequeno Varejo 2022, realizada pela gestora global de venture capital Flourish Ventures, que já investiu em nomes brasileiros como Guiabolso e Mercê do Bairro.

De acordo com o estudo, os chamados “mercadinhos de bairro” estão presentes no dia a dia dos clientes.

No Brasil, 92% dos consumidores entrevistados planejam manter ou aumentar as compras em mercearias – durante a pandemia, 80% dos clientes compraram a maior parte de seus mantimentos no pequeno varejo.

Além disso, 46% dos consumidores brasileiros frequentam o mercado de seu bairro diariamente.

Arjuna Costa, sócio da Flourish Ventures, destaca o potencial desse mercado.

Mercados de bairro estão no centro da comunidade

“O dono conhece o cliente pelo nome e o estabelecimento frequentemente tem o que o cliente precisa. É impossível para os grandes varejistas entregar esse padrão de atendimento ao consumidor, com o mesmo nível de contato e intensidade de relacionamento”, diz.

No entanto, o levantamento mostra que tanto lojistas quanto clientes acreditam que o pequeno varejo precisará agilizar a adoção de tecnologias digitais para permanecer relevante e competitivo, dando continuidade ao movimento de digitalização iniciado na pandemia.

Segundo a pesquisa, 65% dos lojistas brasileiros usam aplicativos de mensagem para se comunicar com fornecedores ou consumidores, enquanto 38% usam aplicativos e websites para comprar estoque.

Olhando para frente, 35% dos lojistas planejam aumentar o uso de ferramentas digitais para vendas online, comunicação e delivery nos próximos 12 a 24 meses.

A Flourish estima que, quando o pequeno varejo se tornar digital, os lojistas poderão aumentar seus lucros em 60% a 100%.

Porém, há um atraso na implementação devido a outras tarefas empresariais urgentes, preocupações com segurança de dados, falta de familiaridade e limitações de acesso.

“Conforme o ecossistema digital do pequeno varejo amadurecer, plataformas tecnológicas se tornarão fornecedoras confiáveis de serviços. Para servir a este mercado, empreendedores devem determinar qual o ponto crítico imediato a ser resolvido, como monetização, e quando estabelecer parcerias em vez de construir tecnologias”, afirma Costa.

“É preciso criar um processo de incorporação fluido e confiável, dado que os lojistas estão relutantes em investir tempo e dinheiro em soluções até que possam enxergar seu valor tangível”.

Diana Narváez, representante da Flourish na América Latina, reforça que há vários espaços para a inovação no segmento.

“Existe demanda de diferentes serviços, desde a gestão do estoque até métodos de pagamento e delivery. É uma grande oportunidade para as fintechs”, diz.

Países Emergentes

Além do Brasil, a Flourish Ventures analisou o desempenho de mercearias no Egito, Índia e Indonésia.

Ao todo, foram 1.600 entrevistados, sendo 800 lojistas e 800 consumidores.

O estudo global foi feito em parceria com a Bain & Company e a 60 Decibels e, no Brasil, contou com a participação da Mercê do Bairro.

A procura crescente por serviços e compras no pequeno varejo e a necessidade de digitalização desses estabelecimentos foram tendências identificadas em todos os locais analisados, que se enquadram na categoria de países emergentes.

De todos os consumidores entrevistados, 94% planejam continuar comprando ou comprar ainda mais nos pequenos mercados, ao passo que 80% dos lojistas do setor anseiam hoje por melhores ferramentas financeiras digitais.

Os dados dos quatro países revelam ainda que:

● 50% dos consumidores frequentam o pequeno varejo de seu bairro diariamente e 24% utilizam regularmente uma conta na loja para a realização de compras a crédito;

● 71% dos consumidores compraram mais mantimentos no pequeno varejo durante os lockdowns decorrentes da covid-19;

● 73% dos consumidores concordam plenamente que o pequeno varejo é vital para sua comunidade, valorizando a proximidade, a conveniência e o serviço.

Quando se trata de aprimoramento tecnológico, a pesquisa apontou que, em todos esses países, 55% dos lojistas usam aplicativos de mensagem em seus negócios e 75% planejam aumentar seu uso nos próximos 12 a 24 meses.

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