Mercado vive trégua política, mas macroeconomia ainda preocupa, diz economista da Messem Investimentos

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O economista e head de Renda Variável da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, avalia que o mercado está enfrentando, desde a tarde de quinta-feira (9 de setembro), um momento de trégua na área política, mas ainda há fatores preocupantes na macroeconomia.

Após uma quarta-feira tensa, na quinta-feira houve uma reação positiva após a divulgação da carta do presidente Jair Bolsonaro endereçada ao Supremo Tribunal Federal (STF). O Ibovespa fechou em alta de 1,72% e o dólar caiu 1,85%. ´

“É um momento de trégua política, o que gerou efeitos positivos no mercado. O cenário externo também ajudou. O que ainda preocupa é a macroeconomia”, disse Bertotti.

Na última sexta-feira, o cenário positivo continuou, com uma boa ajuda do front externo. Por exemplo, a conversa entre os presidentes dos Estados Unidos e da China ajuda no otimismo dos investidores. Joe Biden e Xi Jinping falaram por telefone pela primeira vez desde fevereiro para tratar da disputa entre os dois países e evitar que a escalada da rivalidade comercial e tecnológica se torne um conflito.

O Índice de Preços ao Produtor de agosto subiu 0,7% nos EUA, acima dos 0,6% esperados pelos analistas.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou na quinta-feira que manteve sua política monetária, mas divulgou que pretende desacelerar seu programa emergencial pandêmico de compra de títulos (PEPP na sigla em inglês).

No Brasil, as vendas do varejo cresceram 1,2% em julho, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acima da expectativa média dos economistas, que era de expansão de 0,7% no indicador, conforme números compilados pela Refinitiv.

Foi o quarto crescimento consecutivo desse indicador, fazendo com que o volume de vendas do comércio chegasse ao patamar recorde da série histórica da PMC, iniciada em 2000

“Entretanto, devemos seguir atentos à economia interna. O cenário inflacionário ainda preocupa”, ressalta o economista. A alta da inflação, estimulada por itens como combustíveis, deve pressionar por novos reajustes da taxa Selic, avalia.

As expectativas para a taxa básica de juros subiram tanto para o final deste ano quanto do próximo, em meio a novas elevações nas estimativas para a inflação e piora no cenário econômico, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central divulgada no início da semana.

Os especialistas consultados estimaram Selic a 7,63% no final de 2021 na mediana das projeções e a 7,75% em 2022, contra 7,50% antes para ambos os casos. O Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir nos dias 21 e 22 de setembro para decidir sobre os juros.

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