O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta sexta-feira, 19, a previsão para a inflação em 2020.
Em razão da retração da economia, resultante da pandemia de Covid-19, a projeção é de alta de 1,8% dos preços ao consumidor, 1,1 p.p abaixo dos 2,9% previstos anteriormente, em março deste ano.
A grande contribuição para a queda do IPCA ao longo dos últimos meses veio da retração dos preços administrados, cuja inflação em 12 meses recuou de 4,4% para -1,0%, entre março e maio.
Em contrapartida, os preços dos alimentos em domicílio mostram aceleração nos últimos meses, refletindo a desvalorização cambial e o aumento da demanda por alimentos, provocado por mudanças no padrão de consumo das famílias no período recente.
A inflação desses produtos chegou a 8,1% nos 12 meses encerrados em maio, com destaque para o reajuste das carnes (19%) e das aves e ovos (13%).
Para os próximos meses, entretanto, espera-se uma desaceleração deste ritmo de elevação dos preços, de modo que, os alimentos devem deve encerrar 2020 com alta de 3%.
Além dos alimentos, outro segmento que parece ter sido impactado pela pandemia é o de produtos de informática.
Em maio, a alta registrada neste conjunto de itens foi de 4,6%, impulsionada, provavelmente, pelo aumento da demanda dado a adoção do teletrabalho em diversos setores da economia.
Para 2020, as expectativas de inflação para os bens de consumo e os serviços livres estão balizadas em uma demanda ainda enfraquecida, o que limitará aumentos expressivos de preços.
No caso dos bens de consumo, a alta esperada é 1%. Já para os serviços, a taxa prevista é de 2,2%, repercutindo uma desaceleração mais intensa nos segmentos ligados ao turismo.
No caso dos preços administrados, a previsão é de alta de 1,2% em 2020.
Mesmo diante de uma aceleração ao longo do segundo semestre, provocada pelo fim das deflações dos combustíveis e pela implementação dos reajustes já programados para as tarifas de energia elétrica (em diversas capitais) e dos medicamentos, este conjunto de preços deverá encerrar o ano com taxa de inflação bem abaixo das registradas em 2019 (5,5%) e 2018 (6,2%).
Para 2021, com a expectativa de retomada da atividade econômica, a taxa estimada para o IPCA é de 3,1%, ainda abaixo da meta.