Inadimplência explode em São Paulo: empresas criam meios de renegociar dívidas

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Uma pesquisa da FecomercioSP mostra que, pelo menos desde 2010 não havia tantas famílias inadimplentes na cidade de São Paulo.

Pelos dados, 23% delas tinham dívidas em atraso no mês de março – o maior nível da série histórica da entidade, iniciado há mais de uma década.

Em números absolutos, são 927 mil casas nessa situação na metrópole paulista.

“O cenário de aumento da inadimplência é resultado da pressão inflacionária sobre o orçamento das famílias, forçando-as a buscar crédito para manter o consumo básico”, diz a instituição em nota.

Outro dado preocupante é o número de famílias que, pior do que inadimplentes, admitem não ter condição de pagar suas dívidas.

Em março, eram 9,4% delas – o maior nível desde outubro de 2018, portanto, antes da pandemia de covid-19.

No total, isso significa que quase 375 mil pessoas vão precisar entrar em processos de renegociação de dívidas com bancos, instituições financeiras e lojas do varejo.

São despesas que vão desde cobranças domésticas, como eletricidade e aluguel, até contas de consumo, como boletos de supermercados, farmácias e postos de combustíveis.

O aumento dessa situação faz até que algumas empresas entrem no mercado de resolução de dívidas, prometendo ajudar pessoas endividadas a pagar as contas atrasadas, fazendo possível com que qualquer rede como o Boticário limpar nome de quem está com o boleto por pagar.

Renda impacta inadimplentes

O estudo da FecomercioSP ainda mostra que as pessoas de classes médias tendem a contrair mais dívidas e atrasá-las.

Em março, 27% das famílias paulistanas que têm menos de dez salários mínimos de renda estavam inadimplentes.

No caso das casas com orçamento acima disso, a taxa foi de 11%.

No total, sete em cada dez residências em São Paulo têm dívidas no mercado (74%), o que significa que quase 3 milhões de lares estão nessa situação.

Vale lembrar que endividamento não significa inadimplência:

são casos de pessoas que contraíram dívidas, mas que estão com os pagamentos em dia, como financiamentos imobiliários e de automóveis, além de cobranças domésticas e boletos de consumo.

Força do cartão de crédito

Oito em cada dez famílias paulistanas (88%) usam o cartão de crédito como principal meio de pagamento para compras a prazo – ou seja, para contrair dívidas.

Isso significa que essa é a principal modalidade para muitas dessas pessoas quando a renda do mês acaba.

Mais do que isso, 7% delas consideram pedir crédito ou um empréstimo financeiro no futuro próximo, o que indica uma demanda ainda reprimida por recursos para consumo.

“Apesar da maior parte ser indicada às compras, diante do cenário atual, o que pode justificar essa intenção são os gastos básicos com alimentos e não a expansão do consumo em bens duráveis, por exemplo.

Ao contrário, os números da inadimplência e do endividamento criam limitações”, finaliza a FecomercioSP, em nota.

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