Os efeitos da rápida adaptação das empresas ao modelo de trabalho remoto poderão impactar diretamente o mercado de imóveis comerciais e residenciais no Brasil.
Essa afirmação é de Roberto Sampaio, sócio-diretor da Empírica Real Estate (ERE), um braço da gestora Empírica Investimentos (EI), especializada em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).
“Existe uma expectativa de diminuição dos valores praticados no mercado de compra e venda e de locação, sendo esse último o mais vulnerável a reduções nos preços, dada as predições para a conjuntura econômica pós-pandemia”, diz Sampaio.
Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados no dia 12 de maio, mostram uma deflação no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usados como referência no reajuste dos contratos de aluguel.
A prévia desse mês indicou queda de 0,32%. Além disso, o aumento de rescisões desses contratos, dada a diminuição de demanda e as prováveis mudanças significativas na distribuição dos espaços físicos corporativos, se torna pauta constante entre os executivos.
“Acredito que o modelo atual bastante praticado, em que o colaborador tem uma estação de trabalho fixa, deve dar lugar a estações compartilhadas e utilizadas em um sistema de rodízio”, comenta Sampaio.
Outro ponto importante que o especialista destaca é o sucesso das videoconferências na otimização da agenda dos profissionais, especialmente entre o C-level das organizações.
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“Estamos todos admirados com a facilidade de reunir equipes, parceiros e fornecedores várias vezes por semana e definir projetos. Antes, tínhamos uma enorme dificuldade de agenda e, hoje, com a implementação de ferramentas online a agilidade e a facilidade torna-se uma constante”, afirma Sampaio.
As mudanças, no entanto, devem ir além dos espaços comerciais. As residências provavelmente também ganharão espaços dedicados ao home office, talvez até ganhando lugar de destaque, como aconteceu nos últimos anos com as varandas gourmet.
“Acredito que, em um curto prazo, muitos projetos agregarão um espaço de trabalho em casa, que hoje já é uma realidade na rotina diária de muitos profissionais”, garante o sócio da ERE.
Soluções digitais
As medidas de isolamento social impostas pela COVID-19 têm acelerado também a adoção de tecnologias que impactam o setor imobiliário.
Recentemente, a aprovação da assinatura de escrituras digitais por videoconferência, instituída pela Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo, fez com que o procedimento remoto fosse adotado e já implementado por empresas do setor.
“Hoje todos os registros de garantia são feitos de maneira tradicional, a novidade provavelmente agilizará e muitos os processos”, afirma Bernardo Moraes, um dos sócios da Empírica Real Estate.
Para a estruturação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), todo o processo operacional ainda demanda de etapas presenciais.
“Durante o período de trânsito de documentos e dos trâmites em cartório, os fundos podem ficar ‘descobertos’ em relação às garantias. Sem o registro da alienação firmada no documento do imóvel, fica muito difícil o processo de execução extrajudicial em caso de inadimplência do devedor”, completa Moraes.
Para o sócio da ERE, a modernização dos processos em cartórios tem potencial para tornar não apenas as transações mais rápidas, mas também colabora na expansão dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), “já que aumenta a confiança dos investidores neste tipo de transação”.
Sobre a Empírica Real Estate
Fundada em 2011, a Empírica Real Estate (ERE) atua como consultora imobiliária nos fundos de investimento de lastro imobiliário geridos pela Empírica Investimentos.
Atualmente, tem sob gestão cinco Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e já emitiu mais de 1.300 laudos de avaliação de imóveis.
Sobre a Empírica Investimentos
Fundada em 2009, a Empírica Investimentos (EI) é uma gestora de recursos independente.
Precursores do mercado de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e de fundos de investimento de crédito privado high yield no Brasil, atua em diferentes setores da economia – mercado imobiliário, agronegócio, infraestrutura, telefonia, meios de pagamento, entre outros.