O primeiro dia do II Fórum Mundial dos produtores de café, realizado em Campinas, São Paulo, no dia 11 de julho, abordou pontos fundamentais para a discussão sobre o cenário da cafeicultura global. Foi a primeira vez que o Brasil recebeu um evento deste porte no setor.
Um dos painéis do dia foi moderado por Carlos Brando, PhD. no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e sócio da P&A Marketing Internacional. O tema foi “Como promover e aumentar o consumo de café ao redor do mundo”.
Segundo Brando, o consumo de café está crescendo em ritmo mais acelerado do que no passado, mas esse crescimento ainda não é suficiente para garantir boas condições de renda aos produtores. Ainda que não seja uma medida de resultados imediatos, aumentar o consumo é uma das soluções para enfrentar a crise de preços que afeta o setor.
No painel, foi apresentado o cenário do consumo de café ao redor do mundo. É na Ásia que está o maior crescimento de volume de sacas por ano. Já os europeus estão na área do mundo em que mais se consome café, mas o consumo tem crescido pouco. “A África tem um grande potencial de crescimento, mas ainda há muito o que fazer para tornar esse potencial em realidade”, afirma o moderador.
O Brasil é historicamente o país que mais aumentou seu consumo interno. Nathan Herszkowicz, Presidente executivo do Sindicafé-SP, apresentou um panorama da evolução do consumo de café no país. Aprimorar a qualidade e agregar valor aos produtos, de acordo com ele, é uma via de sucesso também para as pequenas e médias empresas, pois o é necessário que o consumidor perceba o valor do que está consumindo.
Moenardji Soedargo, Diretor de Operações e Vice-Presidente da Indústria de Café Solúvel PT Aneka Coffee Industry, explicou como a mudança de hábitos de consumo na Indonésia foi responsável pelo crescimento do setor no país. As chaves para essa mudança foram o crescimento da economia, o aumento do uso das mídias sociais, a facilidade da entrada no mercado de café e a transformação social e cultural do país, que fizeram do café uma bebida social da Indonésia.
“Pagamos caro por nosso café, então por que os produtores não estão sendo devidamente remunerados?”, questionou a americana Phyllis Johnson, cofundadora e presidente da BD Imports, em sua apresentação no painel. Ela afirmou que, durante os últimos oitos anos, o consumo de café nos Estados Unidos se manteve regular, mas as pessoas estão começando a escolher melhor o tipo de café elas querem beber. Ou seja: embora o café no país não esteja crescendo no volume, está crescendo em valor.
Fred Kawuma, Secretário Geral da Organização Interafricana do Café – OIAC, foi o último painelista a se apresentar no primeiro dia. Representante do continente africano na discussão, ele comentou que a Etiópia é o país com maior consumo no continente, respondendo por 25% do que é produzido. Já o Quênia teve o crescimento do consumo do grão de mais de 100% em cinco anos, até 2018. Kawuma usou como um bom exemplo Camarões, país que tem um festival anual de café para promover o café e criar oportunidades no setor.
Ao final, o moderador ressaltou que as questões debatidas no Fórum e as soluções apresentadas são globais e podem se aplicar para todos os países produtores. “Beba mais uma xícara de café para tornar o mundo melhor”, defendeu Carlos Brando.