Mensagens com promessas de liberação de valores do INSS têm se tornado iscas frequentes para golpes digitais que afetam milhares de brasileiros, principalmente idosos, aposentados e pessoas em situação de vulnerabilidade.
O estelionato eletrônico, muitas vezes disfarçado de assessoria jurídica, tem crescido de forma alarmante, aproveitando-se da digitalização dos serviços públicos e da falta de informação adequada à população.
Mecanismo do golpe envolve uso de engenharia social e dados reais
Os golpistas agem com sofisticação. Estudam suas vítimas, usam linguagem jurídica, utilizam nomes reais de advogados e forjam documentos com aparência oficial.
O golpe mais comum envolve a falsa promessa de liberação de valores atrasados do INSS, mediante pagamento de uma suposta “taxa cartorária” ou “honorários antecipados”. Uma vez que a vítima realiza a transferência, os criminosos desaparecem.
Impacto emocional e financeiro atinge grupos vulneráveis
Além do prejuízo financeiro, as vítimas relatam sofrimento psicológico, sentimento de culpa e perda da confiança nas instituições. Muitos interrompem tratamentos de saúde ou deixam de comprar medicamentos na esperança de receber valores inexistentes.
Especialistas classificam esse tipo de golpe como uma violência ainda não reconhecida formalmente pela legislação.
Medidas legais existem, mas são de difícil acesso
Segundo juristas, bancos podem ser responsabilizados quando há falha na segurança de transações, com base no Código de Defesa do Consumidor.
Contudo, o acesso à Justiça ainda é restrito para grande parte da população, e a reparação pode levar anos. O rastreamento de contas envolvidas e a responsabilização criminal dos autores também são possíveis, desde que a vítima reúna provas e registre ocorrência policial.
Falta de Políticas públicas e campanhas educativas agrava o problema
Especialistas apontam que o principal desafio está na prevenção. Falta uma política pública voltada à educação digital dos grupos mais vulneráveis, bem como maior rigor na abertura de contas bancárias com dados falsos.
O INSS, por sua vez, é cobrado por não realizar campanhas suficientes de orientação sobre fraudes e direitos dos segurados.
Recomendações para evitar ser vítima de golpes
Autoridades reforçam que nenhum servidor público ou advogado pode exigir pagamentos antecipados para liberar benefícios previdenciários. A tramitação é gratuita e qualquer solicitação de depósito deve ser encarada com desconfiança.
Segurados devem verificar a identidade de quem faz o contato e utilizar canais oficiais como o telefone 135 ou o site gov.br/meuinss para esclarecer dúvidas.
O avanço da digitalização nos serviços públicos deve vir acompanhado de medidas eficazes de proteção ao cidadão. Combater golpes digitais exige esforço conjunto entre Estado, instituições financeiras, entidades jurídicas e meios de comunicação.
A informação é uma das principais armas contra esse tipo de crime, que, além de dinheiro, rouba a confiança da população no sistema de proteção social.