Entenda como informações individuais se tornam estatísticas públicas no IBGE

privacidade_home-Licia

Nessa segunda-feira (28) foi celebrado o Dia Internacional de Proteção de Dados Pessoais, instituído pelo Conselho da Europa e pela Comissão Europeia em 2006, para lembrar o direito à segurança e ao sigilo na coleta e uso das informações dos cidadãos, como idade, gênero, renda, cor ou raça. A proteção dos dados e sua confidencialidade no Brasil são um compromisso do IBGE desde a sua fundação, há 82 anos, e estão garantidas por lei e pelos Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais das Nações Unidas.

São vários procedimentos para manter esses dados em sigilo, e a primeira parte desse processo de produção das estatísticas conta com a cooperação da população e de entidades que prestam informações aos pesquisadores do instituto. De acordo com a diretora adjunta de Pesquisas do IBGE, Andrea Bastos, para que as pessoas colaborem, é importante que sintam confiança e mantenham a fé pública na instituição: “a nossa preocupação de garantir a confidencialidade é muito grande, porque se a gente não fizer isso, não vamos conseguir produzir informação”, diz.

Gráfico proteção dos dados pessoais
Proteção dos dados pessoais

Todos os funcionários do instituto assinam um termo de confidencialidade, em que se comprometem a manter o sigilo das informações individuais a que tiverem acesso. Para os que vão às ruas fazer a coleta, ainda há um treinamento especial e uma cartilha com orientações de segurança durante a abordagem ao informante. A coleta pode ser feita de diferentes modos, como visitas presenciais de um funcionário identificado com crachá do IBGE, por formulários via internet ou via telefonemas da central de atendimento.

A cada entrevista, os dados são registrados em um formulário com acesso restrito através de um coletor eletrônico, o dispositivo móvel de coleta. Mesmo que aconteça algum imprevisto, como perda ou roubo do aparelho, não há como alguém externo ao instituto acessar o conteúdo, que é programado para transmitir informações somente ao IBGE. Essas informações são criptografadas quando trafegam na rede, impedindo o acesso de potenciais invasores.

Tecnologia como aliada na segurança da informação e na redução de custos

O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, é responsável pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que visita cerca de 211 mil residências por trimestre no país. Ele observa que o advento da tecnologia nas pesquisas ajuda a eliminar o risco de perda de sigilo e proporciona uma economia de gastos, já que eram necessários grandes volumes de impressões e a manutenção de depósitos para armazenar e controlar a informação.

Após revisão automatizada e checagem dos técnicos, a fim de identificar possíveis falhas na coleta, os dados individuais se agregam em um segundo banco de dados, para começar a serem tabulados em números estatísticos. É neste processo que cada resposta informada perde a ligação com a pessoa ou entidade de origem e se torna apenas um número a mais. “O indivíduo na estatística é utilizado para ter a noção do comportamento de grupo. A gente precisa conseguir traduzir isso que as pessoas nos informam em um plano de classificação, para podermos tratar a informação”, explica o diretor de Informática do IBGE, José Bevilaqua.

A identidade dos informantes, como nome e endereço, passa a ser criptografada inclusive para os técnicos do IBGE a partir dessa etapa, formando um banco anônimo, os microdados. Para pesquisas domiciliares como o Censo Demográfico e a PNAD Contínua, esse banco é disponibilizado publicamente, porém apenas especialistas da área estatística costumam ter ferramentas e conhecimento para utilizá-lo. No caso das pesquisas econômicas, respondidas por empresas, Bastos explica que os microdados apenas são disponibilizados para projetos de pesquisa autorizados previamente. Os pesquisadores aprovados visitam a Sala de Acesso a Dados Restritos, onde é proibido qualquer meio de comunicação, pen drive ou bolsa. Segundo a diretora adjunta de Pesquisas, eles só saem dali com tabelas estatísticas prontas ou seleção de amostras.

Os dados estatísticos são, então, cruzados e analisados com a finalidade de produzir conhecimento relevante sobre a realidade brasileira. A informação completa o ciclo sendo divulgada ao público na linguagem de textos, tabelas e infográficos, através de diversos produtos que compõem o resultado das pesquisas. Dentre eles, a publicação oficial, o release para a imprensa e notícias divulgadas nos canais de comunicação oficiais do instituto.

Editoria: IBGE
Repórter: Camille Perissé
Imagem: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias
Arte: Helena Pontes e Marcelo Barroso

Sair da versão mobile