O Brasil tem a população mais ansiosa do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 18 milhões de brasileiros possuem o transtorno, enquanto 15,5% da população sofre com depressão.
No âmbito profissional, de acordo com o 1º Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, os transtornos mentais são a terceira principal causa de incapacidade no trabalho no país.
Essa incapacidade resulta em menos produtividade, que, segundo a OMS, é responsável pela perda de aproximadamente US$ 1 trilhão na economia mundial.
Por outro lado, a entidade mostra que, para cada dólar investido em ações que promovem melhorias no bem-estar mental dos colaboradores – como plano de saúde ou Gympass, por exemplo –, US$ 4 retornam em ganhos com produtividade.
Além de ações complexas, como programas de assistência, educação para saúde mental e treinamentos específicos, medidas fáceis, como implementar vale refeição, alimentação ou outros benefícios, podem fazer a diferença para o bem-estar mental dos colaboradores.
A importância da saúde mental no trabalho
De acordo com a OMS, algumas das principais causas das doenças psicossociais no ambiente de trabalho são competitividade excessiva, assédio moral, pressão emocional, longas jornadas de trabalho, ameaças de demissão, grande carga de tarefas e falta de separação entre vida pessoal e profissional.
Assim, a perda de produtividade em função de transtornos mentais pode ser percebida através do baixo rendimento no horário de trabalho, aumento no número de ausências prolongadas, faltas justificadas por doenças e até desistências do cargo devido à sobrecarga.
O dado é comprovado pela pesquisa da Capital Solutions, que mostrou que 53% dos funcionários de uma empresa conhecem colegas que desistiram do trabalho devido ao estresse.
É preciso lembrar que as doenças mentais, como a depressão, podem agravar ou causar outras comorbidades, com maior destaque para diabetes, distúrbios do sono, úlcera gástrica, problemas de pele, crises alérgicas, entre outros. Além disso, a pesquisa também identificou irritação no trabalho, brigas familiares, aumento do consumo de álcool e cigarros como principais efeitos colaterais.
Todos esses fatores também afetam a produtividade. Um estudo feito pela Universidade da Califórnia mostrou que um colaborador feliz é 31% mais produtivo do que os que se consideram infelizes.
Portanto, além de ser essencial na qualidade de vida dos funcionários, investir em saúde mental é sinônimo de produtividade e lucratividade para a empresa.
Mais atenção à saúde mental nas empresas
Diante desse cenário, diversas empresas já estão implementando medidas que promovam a melhoria da saúde mental de seus colaboradores.
Uma pesquisa realizada pela Wellable mostrou que 67% das empresas dispõem de programas de assistência aos empregados; 46% valorizam recursos de educação em saúde mental, como acesso a palestras, treinamentos e webinars; 30% adotam escalas de trabalho mais flexíveis; e 29% valorizam o acesso às ferramentas digitais de saúde mental, como aplicativos para celular.
Dentre elas está a plataforma de marketing digital Experta, que pratica a jornada de trabalho reduzida com 30 horas semanais, além de flexibilidade de horários e home office.
Colaboradoras destacam que tais medidas foram essenciais para que pudessem conciliar a maternidade com a carreira.
Outro exemplo é a Danone, multinacional de produtos alimentícios, que oferece um centro de apoio à saúde mental, além de possuir parceria com uma startup que oferece medicamentos, produtos e soluções em saúde com preço mais acessível para seus funcionários.
Além delas, há a Porto Seguro, holding brasileira que iniciou o cuidado com a saúde mental durante a pandemia, quando adotaram a iniciativa #NãoDemita, que vetava qualquer dispensa durante o período especificado para garantir a segurança financeira dos membros.
A empresa também ofereceu uma equipe de profissionais disponíveis 24 horas para dúvidas em caso de sintomas da Covid-19.
Todas essas medidas são complementares a outros benefícios comumente oferecidos pelas empresas, como vale refeição e alimentação, vale-transporte, plano de saúde e odontológico, seguro de vida, Gympass, previdência privada, entre outros que variam de acordo com cada companhia.
O olhar do colaborador
Uma pesquisa realizada pela Gympass apontou que, para 83% dos trabalhadores, o bem-estar é tão importante quanto o salário, enquanto 77% afirmam que poderiam até deixar um emprego caso essa questão não seja prioridade.
A pesquisa foi realizada em 2022 e contou com cerca de 9 mil funcionários de empresas nos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Argentina, Chile, Espanha, Alemanha e Itália.
Apesar de a remuneração ainda ser o fator mais importante na hora de escolher um emprego, o bem-estar e a saúde mental vêm logo atrás, seguido de possibilidade de crescimento, flexibilidade e dias de férias.
Já no Brasil, 29% dos entrevistados não acreditam que as empresas realmente se preocupam com o bem-estar das equipes, o que é consequência da saúde mental ainda ser considerada um tabu dentro de alguns ambientes.
Segundo a pesquisa da Wellabe, 24% dos trabalhadores já se afastaram do trabalho por estresse, ansiedade ou depressão, entretanto, menos da metade dos registros eram relacionados à saúde mental.
Além disso, 37% dos respondentes não se sentiam confortáveis em assumir para os colegas de trabalho ou para a empresa que se afastaram para cuidar da saúde mental.
Apesar de ser uma questão pessoal, não deve ser vista como motivo de culpa ou vergonha.