Tenho a felicidade de conhecer as diversas histórias geniais de tantos empreendedores que convivi ao longo do caminho.
Histórias espetaculares de gente que vendeu tudo e comprou fazenda de soja onde não tinha energia elétrica decente, gente que começou com uma kombi velha (esta é só para quem tem mais de 40 anos ) vendendo doces e depois virou hipermercado.
Outros com caminhonete para fazer frete de frango e depois abate, tornando se potência no setor de agro.
A lista pode ser longa e todas as jornadas dignas de filmes premiados.
O que difere os “caras“ que saíram do “zero “ e viraram o que viraram? Todos foram cowboys! Tomaram o risco e acreditaram.
Seu sensor aranha foi fundamental, mas a sorte nunca foi sua inimiga. Quando se trata de tocar empresa na base do comercial aguçado, a sorte ganha relevância na vida do empreendedor.
Para os outros mortais resta o tal do planejamento estratégico.
A linha tênue de percepção a respeito do empreendedor ser genial ou de ser louco se baseia menos na sua capacidade de decidir muito certo e mais no resultado pragmático de sua gestão.
Ora, se tudo deu certo, é porque o( a) presidente era genial, não é?
O primeiro grande ciclo das empresas passa por uma fase invariavelmente cowboy dos fundadores, mas este ciclo tem começo, meio e fim.
Na sequência lógica de temas que irão necessitar de solução, haverá temas tão diversos quanto profissionalização e sucessão familiar, meritocracia, definição de sistemas e métricas de gestão, nova governança com definição clara do acordo de sócios, revisão da estrutura organizacional, implantação de planos de incentivo a colaboradores, revisão das abordagens e políticas comerciais, reposicionamento da empresa, entre outros.
Desta etapa, nem o mais sortudo dos empreendedores vai escapar.
A ausência de perguntas a si mesmo ou o desconhecimento de certas causas e consequências que o fez chegar até aqui serão as exatas razões pelas quais o empresário(a) terá que “trocar “o chapéu e virar também um bom gestor(a) nesta nova etapa da vida da empresa.
Nem todos gostam ou conseguem fazê-lo. Nada está perdido, contudo, a sucessão profissional conscienciosa e paulatina habilitará a empresa ao novo ciclo sem perder o DNA do seu fundador(a).
A realocação de fundadores para atividades de conselho permitirá a transição e o necessário desmame.
Este processo chega mais rápido do que imaginamos. Dragados pelo dia a dia e com um nível de engajamento alto de nossas vidas profissionais, não vemos o avançar do tempo.
Os processos tipicamente levam de três a cinco anos para uma transição sadia, desde a formação de um conselho consultivo até a realidade de um conselho de administração com cadeiras ocupadas por conselheiros de fato, independentes.
A formação e elegibilidade e interesse das gerações mais novas desejosas em ocupar os postos executivos “C level “ na corporação, também são pauta importante no segundo ciclo do negócio.
No fim das contas, temos que lembrar que a empresa tem que ser maior do que as pessoas.
Sua perenidade vai depender de dispêndio de intelecto e planejamento para as atividades certas e de gente certa e motivada para continuar o legado.
A vida passa rápido. Planeje sua “sorte “corporativa e … Boa sorte!
Marco França é engenheiro pela PUC RJ/ e sócio da Auddas