Em entrevista à Reuters, Moraes diz confiar em reversão das sanções impostas por Trump contra ele

Em entrevista à Reuters, Moraes diz confiar em reversão das sanções impostas por Trump contra ele Alexandre de Moraes entrevista a Reuters

Brasília (DF), O ministro Alexandre de Moraes durante sessão do STF. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em entrevista à Reuters que acredita em uma mudança de posição do presidente Donald Trump para revogar as sanções financeiras aplicadas contra ele.

Moraes, que se tornou figura central no embate político-jurídico entre Brasil e Estados Unidos, disse estar confiante de que o tema será resolvido por canais diplomáticos ou, se necessário, em uma eventual contestação judicial nos EUA.

“Uma contestação judicial é possível e ainda não encontrei um advogado ou acadêmico americano ou brasileiro que duvide que os tribunais anulem. Mas, neste momento, escolhi esperar. É uma questão diplomática para o país”, declarou.

O impasse com Trump

As sanções contra Moraes foram anunciadas junto à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em um movimento de Trump que exigia o fim do julgamento de Jair Bolsonaro por suposto plano de golpe de Estado em 2022.

Enquanto Trump classificou o processo como “caça às bruxas”, Moraes ampliou as restrições contra o ex-presidente, incluindo proibições de candidatura e medidas cautelares a seus aliados.

Confiança na diplomacia

O magistrado de 56 anos, conhecido por sua postura firme em decisões polêmicas — como a prisão de manifestantes de direita em 2023 e o embate com Elon Musk sobre regras de redes sociais no Brasil —, afirmou acreditar que as sanções foram resultado de uma campanha articulada por aliados de Bolsonaro nos EUA, especialmente o deputado Eduardo Bolsonaro.

“Uma vez que as informações corretas sejam passadas, acredito que nem será necessário recorrer ao Judiciário. O próprio Executivo norte-americano reverterá”, disse.

Segundo ele, divisões internas no governo dos EUA — com relutância do Departamento de Estado e da área técnica do Tesouro — podem favorecer a reversão das medidas. A Reuters confirmou que houve resistência inicial de técnicos da OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros), que consideraram a decisão “legalmente inapropriada”, mas foram sobrepostos por ordens políticas.

Washington rebate

Em resposta, um porta-voz do Tesouro disse que a decisão reflete consenso dentro da administração Trump:

“O Tesouro, a OFAC e todo o governo Trump estão alinhados em que Alexandre de Moraes praticou sérias violações de direitos humanos. Em vez de inventar ficções, ele deveria parar de promover detenções arbitrárias e processos politizados.”

O Departamento de Estado não comentou oficialmente.

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