Vamos combinar que o modelo de gestão por chicote tem que ser aposentado de uma vez por todas.
É preciso aumentar o nível de confiança na relação líder – liderado, com mais alinhamento sobre o que é prioridade.
O processo de adaptação pode demandar algum tempo e alguns ajustes, mas vai resultar em mais autonomia e engajamento dos indivíduos na execução das tarefas, impactando diretamente os resultados da organização, financeiros e de satisfação.
O contrário disso implica no aumento de reuniões virtuais que são mais esgotantes do que as presenciais, como já descobrimos.
Não estamos, e não sei se algum dia estaremos, acostumados a um relacionamento estritamente ou majoritariamente virtual.
Como entes relacionais na realidade material de nossas vidas, precisamos do contato, da proximidade física com as pessoas, especialmente o olho no olho, que não é o mesmo através da frieza de uma tela. Como estamos agora, é mais difícil captar se alguém do time está com algum tipo de problema que pode, inclusive, afetar seu desempenho profissional.
O líder tem o dever de ajudar o colaborador a conseguir explorar o melhor do seu potencial, permitindo, inclusive, que ele exponha suas emoções em momento e local apropriados, se isso, de alguma forma, for bom para ele.
Engajamento é um tema nevrálgico, em tudo e para tudo.
Se você é um empreendedor e trabalha sozinho, como é o meu caso, precisa do engajamento daqueles para quem presta serviço, no mínimo! À medida que aumenta a quantidade de pessoas trabalhando em torno de uma agenda, a própria compreensão da agenda e as motivações em torno dela aumentam a complexidade deste processo.
Por isso, há diferentes formas de engajar o time e de mantê-lo engajado.
Empresas maiores terão um nível de complexidade muito maior do que empresas menores, mas todas terão.
O nível de engajamento contribui fortemente para o sucesso da agenda de negócio e é necessário estar atento aos gatilhos que podem desencadear efeitos colaterais desse processo, como dedicação em excesso, que pode gerar altos níveis de estresse.
O primeiro estudo global sobre o assunto revela que 745 mil pessoas morreram no mundo em 2016 de derrame e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho.
Esse resultado, que acaba de ser divulgado, é fruto de estudo da Organização Mundial de Saúde em parceria com a Organização Internacional do Trabalho.
Além disso, pessoas desmotivadas desmotivam outras e o resultado podemos vislumbrar.
Adotar uma forma de administração que estimule de fato o engajamento é um caminho seguro para se alcançar o sucesso, como ocorre com a gestão por OKRs, que tem entre suas premissas envolver mais o time no processo de construção do futuro.
Parte do diferencial do OKR neste processo de engajamento é a forma com que se constróem as metas, além do tradicional top down, com o direcionamento do líder para os liderados, deve se incluir uma perspectiva bottom up, ou seja, a visão do colaborador é muito bem-vinda nesse tipo de gestão.
Feito de qualquer maneira, este processo pode se tornar muito burocrático e gerar muito mais trabalho do que existia antes. É preciso ouvir o time sobre a forma de se atingir os objetivos ou até mesmo sobre quais objetivos devem ser perseguidos. O time participante do processo é mais engajado.
Comunicação com a equipe e a organização
Para se alcançar esse nível de gestão, a comunicação com a equipe precisa estar muito bem alinhada, essa é também uma ferramenta importante da metodologia dos OKRs.
A comunicação à distância é ainda mais desafiadora do que a presencial, pois temos menos informações sobre como nosso interlocutor está recebendo a mensagem e se está tendo o mesmo entendimento que você quis passar.
Desta maneira, os OKRs como ferramenta de comunicação têm uma parte objetiva que são os KRs, onde se registram os resultados que se quer alcançar.
A distância dificulta a comunicação, então o esforço aumenta.
Esta situação em que estamos vivendo faz com que os colaboradores tenham outras atividades, que não só as profissionais, os demandando ao longo do dia.
É preciso entender isso e repactuar a forma de atuação.
A produtividade sem dúvida cai, e a falta de compreensão disto será um tremendo erro.
Empatia é a chave, o que não quer dizer compactuar com atitudes que não devem ser permitidas, como uma licença para o famoso “corpo mole”.
A capacidade de delegar resultados e não tarefas é cada vez mais fundamental.
O líder precisa entender isso o quanto antes.
Por isso toquei muito aqui na questão do engajamento. Equipe engajada oferece resultados e é isso que as empresas buscam, presencial ou virtualmente.
*Pedro Signorelli é especialista “insider” na implementação de OKR em empresas de diversos tamanhos e segmentos, e ministrando palestras e workshops de implementação de OKR.