Crescimento acima da média mundial garantirá ao agronegócio brasileiro maior participação internacional na próxima década, aponta estudo da Fiesp

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Embora apresente um ritmo de crescimento menor em comparação aos últimos 10 anos, o agronegócio brasileiro segue avançando acima da média mundial. E mesmo diante de um cenário internacional nebuloso, especialmente entre EUA e China, que se se enfrentam em uma guerra comercial sem precedentes, a sua sustentabilidade deve ser mantida na próxima década, com ganho de participação no mercado mundial entre as principais commodities que produz e exporta, como soja, milho, açúcar e carnes (bovina, suína e frango). Essa é uma das conclusões do “Outlook Fiesp 2028 – Projeções para o Agronegócio Brasileiro”, estudo elaborado pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reúne as projeções do setor para a próxima década, em termos de produção, produtividade, área plantada, consumo doméstico e exportações.

O documento destaca que, considerando um cenário de equilíbrio fiscal e da efetivação das reformas econômicas, a política agrícola brasileira poderá sofrer aprimoramentos a partir, por exemplo, da efetiva priorização do seguro rural como política de garantia de renda ao produtor. Este cenário também beneficiaria de forma importante os segmentos de proteínas animais e de produtos mais elaborados a partir do crescimento esperado da renda.

“O novo Governo Federal tem demonstrado compromisso com o ajuste fiscal, tendo como bases o enxugamento do Estado e as reformas necessárias, como a previdenciária, capaz de trazer mais confiança ao mercado”, avalia o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Do lado do produtor, a confiança se traduz na melhoria do pacote tecnológico, aumento de produtividade das lavouras, com reflexos positivos para as indústrias de insumos agropecuários. “Ao mesmo tempo, a estabilidade cambial manteria os custos de produção sob controle”, complementa Skaf.

Já Roberto Betancourt, diretor do Deagro da Fiesp, destaca que as projeções para o agronegócio brasileiro podem sofrer influências das ameaças de curto prazo, como a incerteza quanto à questão do tabelamento do frete. Para Betancourt, o impacto se dará principalmente sobre as commodities que estão longe dos portos e dos grandes centros de consumo, como soja, milho, grãos, além do efeito danoso no custo dos insumos. Essa incógnita traz uma insegurança muito grande, avalia. Além disso, lembra também que em abril de 2019 vencerá o convênio 100 do ICMS, que reduz o ICMS sobre os insumos agropecuários desde 1997, sendo que a sua renovação está indefinida. Por último, mas não menos importante, faz ponderações quanto ao ritmo de crescimento da economia global, que deve se acomodar em patamares mais baixos nos próximos anos. “Para as projeções, partimos da premissa que essas ameaças serão resolvidas de forma satisfatória no horizonte projetado”, complementa.

Dados do estudo mostram que a safra de milho 2018/19 pode chegar à 93 milhões de toneladas, 14% maior em relação a 2017/18, resultado da maior produtividade (+10%) e área plantada (+4%). As exportações devem crescer 27%, para cerca de 32,5 milhões de toneladas. A safra de soja foi projetada em 116 milhões de toneladas (-3% em relação a 2017/18).

Embora se espere uma área plantada maior (+3%) na atual temporada, a produtividade (3.193 Kg/ha) deve ser menor em razão de problemas climáticos que atingiram alguns estados produtores no final de novembro e dezembro de 2018. As exportações da oleaginosa devem ser 16% menores em 2018/19 em comparação à safra 2017/18, estimadas em 71 milhões de toneladas.

Para cana-de-açúcar, a expectativa é que a safra 2019/20 chegue a 617 milhões de toneladas, incremento de 3% ante 2018/19, reflexo de uma maior produtividade (+3%) e uma área plantada relativamente estável (-0,5%). A produção do açúcar deve ficar relativamente estável (+0,7%), enquanto a do combustível deve ser 6% maior entre 2018/19 e 2019/2020.

No caso do café, o estudo prevê uma queda na produtividade (-8% sobre 2018/19) e na área plantada (-1%), impactando a produção que deve recuar em 8,5% em relação à 2018/19.

O desempenho estimado para as carnes (bovina, suína e de frango) em 2019 sobre 2018 é de incremento na produção de carne bovina (+1,8%), carne de frango (+2,0%) e suína (+2,3%). O consumo doméstico deverá ter aumento de 1,4% para carne bovina, 1,4% para carne de frango e 1,7% para suína.

No horizonte de longo prazo, o trigo continuará dependente de importação em 2028. Para suprimento do mercado doméstico, serão necessárias importações equivalentes a 48% da demanda nacional.

O mercado doméstico seguirá como vetor do crescimento da produção brasileira de arroz, feijão, trigo, óleo de soja, milho, carnes, lácteos, ovos e etanol. Enquanto que o mercado internacional será preponderante para algodão, soja (grão), café, açúcar, suco de laranja e celulose.

Betancourt lembra que o Brasil observará uma demanda de novas áreas para a agropecuária de 184 mil ha/ano, no período projetado. “A produtividade média dos grãos crescerá 18% entre 2017/18 e 2027/28, resultando na preservação de 13 milhões de hectares”, disse.

Sobre o Outlook Fiesp

O Outlook Fiesp é uma produção do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Devido à possibilidade de alteração nas estimativas em razão dos fatores de risco inerentes ao setor agrícola ou a mudanças nas expectativas macroeconômicas, a partir desta edição as previsões serão revisadas de forma periódica ao longo do ano ou caso algum evento mais relevante signifique uma modificação importante das perspectivas para as commodities analisadas. As atualizações realizadas poderão ser acompanhadas e estarão disponíveis para consulta e download no endereço www.fiesp.com.br/outlook

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