O superendividamento é uma realidade que traz desequilíbrio financeiro a muitos consumidores brasileiros. Embora seja um problema sério, o primeiro passo para se livrar dele é entender que existe solução.
O que é superendividamento?
O superendividamento acontece quando indivíduos ou famílias se veem impossibilitados de cumprir com as dívidas existentes, por diversos fatores.
Nesse caso, a renda ou o patrimônio são insuficientes para que os acordos sejam colocados em dia, e o atraso nos pagamentos se transforma em uma bola de neve.
O aumento da inadimplência acontece com ainda mais frequência e intensidade em momentos de crise ou instabilidade econômica, como a desencadeada pela pandemia da Covid-19.
Diversos setores da economia são afetados em situações como essa, sobretudo, os pequenos negócios.
A gravidade desse cenário fica ainda mais evidente ao descobrirmos que o endividamento dos brasileiros já vinha crescendo em janeiro de 2020, dois meses antes do estado de calamidade pública ser decretado no país.
Segundo dados do Serasa Experian, 63,8 milhões de pessoas estavam inadimplentes naquele período. 2,6% a mais que no ano anterior.
Isso se deve ao fato de que não é somente em momentos de instabilidade econômica que o superendividamento acontece. Outros fatores podem contribuir, como:
• perda de emprego;
• adoecimento ou morte de um membro da família;
• divórcio;
• salários atrasados;
• consumo irresponsável.
Entre fevereiro e março de 2021, a PROTESTE realizou uma pesquisa comportamental sobre os aspectos do endividamento. Nosso estudo entrevistou 500 pessoas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro para investigar a quantidade de dívidas que elas têm e também os principais motivos que estão por trás delas.
Os resultados revelaram um cenário preocupante. Cerca de 55% dos participantes declararam a condição de “Pouco Endividado”, enquanto 17% disseram se enquadrar na categoria “Muito Endividado”. Destes últimos, 37% disseram ter ao menos uma dívida em atraso.
Como se livrar do superendividamento?
Embora aprender a evitar as dívidas seja a melhor prática, nossa pesquisa identificou que esta não é a realidade para muitos brasileiros que já acumulam parcelas em atraso. Surge, então, a dúvida: como escapar do superendividamento?
Por isso, separamos 4 dicas que podem ajudar você a sair do vermelho e manter uma vida financeira mais equilibrada.
Faça uma reserva de emergência
Como vimos, o acúmulo de dívidas pode acontecer por conta de imprevistos. Logo, ter uma reserva financeira é essencial para lidar com gastos inesperados ou passar um tempo sem salário fixo, por exemplo.
Pode até parecer uma dica somente para quem deseja evitar o acúmulo de dívidas, mas a verdade é que os endividados também podem – e devem – reorganizar a vida financeira e identificar a possibilidade de criar um “caixa emergencial” .
Ele deve cobrir ao menos os gastos essenciais, aqueles que você não pode viver sem e dos quais não consegue escapar. É o caso do aluguel, das contas de água e energia elétrica, medicamentos, além da alimentação básica, por exemplo. Cada caso é um caso e você é a melhor pessoa para reconhecer suas necessidades.
Realize um planejamento financeiro
Criar uma reserva emergencial já é um passo para se planejar melhor financeiramente, mas essa nova abordagem da sua vida econômica vai além disso. A forma como você consome e os meios que usa para isso influenciam diretamente na saúde financeira.
Nos últimos anos, o e-commerce (a compra e venda realizada no ambiente online), por exemplo, cresceu no país, o que exige cuidados por parte dos consumidores. Com o acesso a uma infinidade de produtos a apenas um clique, fica mais tentadora a vontade de sair fazendo compras desnecessárias .
dentificar os gastos supérfluos e cortá-los é essencial para se livrar de mais dívidas, enquanto tenta regularizar as já existentes. Mas se você é um superendividado, repensar a forma como compra é tão importante quanto saber o que comprar.
Nossa pesquisa identificou que o cartão de crédito é o principal vilão dos consumidores quanto ao superendividamento. 81% dos entrevistados pela PROTESTE declararam que o uso do cartão é responsável por grande parte de suas dívidas.
Normalmente, cartões de crédito cobram taxas de juros muito altas e é por isso que eles são verdadeiras armadilhas para quem já está endividado. Se você tem problemas com o pagamento de suas parcelas, o recomendado é evitar utilizar outros cartões para pagá-las.
Quando tiver se livrado das suas atuais dívidas e se sentir confortável novamente para a utilização de um cartão, não caia em promessas. Pesquise e identifique aqueles que trazem as melhores vantagens para você.
Renegociação
Uma alternativa para sair da lista de inadimplentes é negociar novamente a dívida. É importante reforçar que as instituições financeiras não são obrigadas a aceitar um novo acordo, mas esse caminho é bastante indicado. Afinal, as empresas também têm interesse, pois sabem que essa pode ser a única forma de receber sua parte.
Além disso, o consumidor não é obrigado a aceitar propostas para quitação das contas.
Muitas vezes, as renegociações podem fazer o oposto de ajudar os superendividados. É o que acontece, por exemplo, quando a dívida é parcelada com uma incidência de juros altos.
O primeiro passo é entrar em contato com o fornecedor e manter registrado todas as conversas. Isso inclui número de protocolo, transcrição das ligações e e-mails.
Muitas instituições financeiras oferecem acesso fácil e rápido à consulta de dívidas e às alternativas disponíveis para regularização. Procure pelos canais virtuais .
Outra alternativa é acompanhar as ações dessas instituições, que costumam realizar durante o ano campanhas focadas na renegociação de dívidas. Algumas delas chegam a realizar campanhas focadas na regularização de dívidas – seja de forma presencial ou online. São os chamados “feirões de renegociação” .
Acione um órgão de defesa do consumidor
Nossa dica final é que você procure por órgãos de defesa do consumidor, que podem oferecer orientações jurídicas sobre as diversas questões relacionadas ao superendividamento. Eles podem, por exemplo, funcionar como mediadores entre consumidores e empresas em casos de renegociação.
Se você precisa de auxílio profissional para lidar com superendividamento, a PROTESTE pode ajudar. Somos a maior associação de consumidores da América Latina e um dos nossos objetivos é orientar consumidores em relação aos seus direitos .
Acesse os resultados da pesquisa mais recente PROTESTE sobre a situação dos brasileiros superendividados e entenda quais os principais vilões do endividamento no país.