Como proteger a lavoura em temporada de chuva

Como proteger a lavoura em temporada de chuva

Veja dicas sobre como proteger a lavoura em temporada de chuva

As condições climáticas estão entre os principais elementos que afetam o sucesso da safra. Afinal, fatores como a temperatura e a umidade impactam diretamente o desenvolvimento da planta. Por isso, saber como proteger a lavoura em temporada de chuva é essencial.

Além disso, esse aspecto interfere também na eficiência de algumas operações, como a pulverização. Uma temporada de chuva, por exemplo, pode fazer o agricultor perder insumos ou mesmo anular o efeito de defensivos na lavoura.

Infelizmente, o produtor rural não pode controlar o clima. Mas ele pode se preparar para uma temporada de chuva e reduzir, ou até mesmo prevenir, danos que as intempéries podem causar a sua produção.

5 maneiras de proteger a sua lavoura em temporada de chuva

Existem alguns métodos que podem proteger sua lavoura em temporada de chuva. Confira a seguir as mais praticadas atualmente.

Monitore as condições atmosféricas

Não há como o produtor prever exatamente o que vai acontecer. Mas o monitoramento de tendências atmosféricas revela projeções que devem ser levadas em conta na hora de tomar medidas para proteger a produção. 

De fato, não é só a presença ou a ausência de chuvas que devem ser consideradas. É preciso verificar também a regularidade e a distribuição das precipitações.

Os dados fornecidos por satélites são fundamentais nesse momento. Existem diversas iniciativas que tornam essas informações acessíveis ao agricultor, por exemplo. Com ferramentas que permitem o acompanhamento das culturas e sua relação com o clima, além de indicativos de perdas ou anomalias na safra.

O SOMABRASIL (Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil) é um dos projetos disponíveis ao agricultor. Ele reúne e integra uma base de dados censitários e imagens de satélites.

Outra iniciativa é o Sistema TEMPOCAMPO, ferramenta desenvolvida pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba. Ele monitora as culturas de milho, soja e cana-de-açúcar. Essas informações servem como base para você planejar o período de safras, como veremos a seguir.

Planeje o período de safras

Hoje, é possível prever condições meteorológicas com certa antecedência. Embora se trate apenas de uma previsão, esses dados dão uma noção sobre temperatura, nível de precipitação etc. Com isso, o produtor consegue readequar suas estratégias e antecipar ou adiar o plantio e a colheita de certas culturas.

Esses dados são úteis também para escolher entre os cultivares de ciclos mais curtos ou mais longos. Por exemplo, quando há previsões de estiagem, é possível decidir por variedades de milho e soja com ciclos diferentes. Outra opção é retardar a semeadura para proteger o cultivo das intempéries que poderiam comprometer o seu desenvolvimento.

Use plataformas tecnológicas que enviam alertas sobre o clima

Para garantir que o produtor não deixará de levar em conta as mudanças climáticas, existem no mercado plataformas que emitem alertas quando há alterações bruscas, extremos ambientais e outros riscos à vista.

Esse é o caso do TerraMA², desenvolvido pelo INPE. A plataforma permite que o agricultor acompanhe alertas de enchentes, estiagens, deslizamentos, incêndios florestais e outras situações meteorológicas adversas que poderiam comprometer sua produção.

Gerencie o tráfego das máquinas

Embora sejam fundamentais em todas as etapas do ciclo produtivo, as máquinas agrícolas precisam ser usadas de forma adequada para garantir que não causarão danos à lavoura.

Na temporada de chuva, por exemplo, é preciso entender em quais dias é apropriado usar as máquinas. Se passarem sobre o terreno úmido, elas podem compactar o solo, acarretando perda de macronutrientes.

Quando for realmente preciso usar as máquinas em dias chuvosos, é necessário planejar o tráfego, definindo um trajeto fixo para reduzir a área impactada.

Siga o zoneamento agroclimático

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é um estudo desenvolvido para minimizar os riscos relativos a condições climáticas adversas. O relatório leva em conta as condições meteorológicas, o solo e os ciclos dos cultivares.

O estudo é divulgado por meio de portarias da Secretaria de Política Agrícola do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Organizado por cultura e estados, ele determina os cultivares recomendados para os municípios e os respectivos calendários de plantio.

Além de organizar o calendário agrícola com base nessa informação, é importante definir como e quando fazer as operações de pulverização, que se tornam críticas na temporada de chuva.

Como aplicar os defensivos nas variáveis climáticas?

Chuvas

Realizar a pulverização na hora da chuva é um total desperdício. Alguns defensivos precisam de certo tempo para serem absorvidos pelas plantas e, assim, atingirem o efeito desejado. Com a precipitação, os produtos vão por água abaixo, desviando-se do alvo.

Já que é exigido um tempo para a planta absorver o produto, também é necessário observar a previsão das chuvas que virão após a aplicação, para que elas não lavem as folhas antes da ação do insumo pulverizado. Caso isso ocorra, poderá ser necessário repetir a operação.

Esse tempo entre a aplicação dos produtos e a chuva varia muito de produto para produto. Por isso, é preciso levar em conta as orientações do fornecedor. Alguns permitem a aplicação em um período mínimo de duas horas antes da chuva.

Em relação a depois da chuva: alguns agricultores verificam a quantidade de gotas nas folhas sacudindo o pé da planta; se ainda estiver respingando água, é porque ainda é preciso esperar um pouco.

Umidade relativa do ar

Essa é uma das variáveis mais importantes para avaliar antes da pulverização. Quanto menor a umidade no ar, mais rapidamente a gota perderá umidade até atingir o alvo. Em alguns casos, talvez ela nem consiga chegar, pois perderá massa e força. Por isso, o ideal é que a umidade do ar não esteja abaixo de 55% nem acima de 95%.

Temperatura

Temperaturas elevadas devem ser evitadas, pois aceleram a evaporação. Elas geram uma corrente de ar ascendente que freia a queda das gotas. Assim, as aplicações são recomendadas em temperaturas de até 32ºC.

Em dias frios (abaixo de 15ºC), é necessário verificar as recomendações dos produtos — nessas condições, alguns não funcionam adequadamente. Além disso, temperaturas baixas desaceleram o metabolismo das plantas, reduzindo sua capacidade de absorver os produtos.

Ventos

Ventos fortes podem resultar em deriva — alteração da trajetória da gota, que a desvia do alvo. A baixa incidência de ventos (entre 0 e 2km/h) também não é uma condição ideal, pois o ar quente fica próximo ao solo, preso por uma camada de ar frio, e, com isso, as partículas da pulverização acabam ficando em suspensão por mais tempo, o que também acarreta perdas. O ideal, portanto, é que a velocidade do vento esteja entre 2 e 10km/h.

Estamos certos de que com o planejamento antecipado e métodos e tecnologias adequados é possível ter bons resultados na safra, mesmo na temporada de chuva. As novas máquinas agrícolas agem a favor do produtor rural e têm contribuído para que o agronegócio brasileiro continue sendo um dos mais importantes do mundo.

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