Após quatro meses de queda, o otimismo do comércio voltou a dar sinais de recuperação em setembro. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado nesta quarta-feira (25) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), subiu 1,3% em comparação com agosto e alcançou 119,1 pontos – melhor resultado desde maio deste ano, quando chegou a 122,4. Em relação a setembro do ano passado, houve crescimento de 12,3%. A CNC ouviu empresários de aproximadamente seis mil empresas de todas as capitais do país.
“O estudo deste mês revela uma percepção mais otimista dos empresários, tanto em relação ao futuro quanto ao momento atual. Mesmo tímido, o crescimento da economia e do comércio, aliado ao comportamento mais positivo dos consumidores, contribuiu para esse cenário”, destacou José Roberto Tadros, presidente da CNC.
Todos os subíndices do Icec apresentaram alta no período. O referente às condições atuais foi o que registrou a maior variação positiva do mês (1,8%) – após quatro retrações seguidas –, apesar de permanecer abaixo da zona de satisfação, com 94,1 pontos – único abaixo de 100 pontos. Em relação a setembro de 2018, houve avanço de 23,7%.
Especificamente sobre a situação corrente da economia, houve crescimento mensal de 2%, atingindo 84,1 pontos. Embora tenha continuado abaixo de 100, foi o maior valor desde junho de 2019 (84,6 pontos) e a primeira taxa positiva após quatro quedas seguidas. Para 54,7% dos entrevistados, a situação econômica atual foi percebida como pior do que há um ano, um indicador melhor do que o apresentado em agosto, quando 60,3% dos empresários pensavam dessa forma. “Mesmo ainda sendo a maior parte, essa redução evidencia a melhora da percepção do empresário com relação à economia do País, que pode ser explicada pelo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), com crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2019 contra queda de 0,1% no mesmo período de 2018”, ressalta Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC.
Com relação ao comércio, o incremento mensal foi de 2,2%, o que fez com que as avaliações desfavoráveis diminuíssem 4,6 pontos percentuais em comparação com agosto, atingindo 50,8% dos empresários.]
Mercado aquecido
A satisfação quanto às condições atuais do comércio por parte dos empresários torna o ambiente melhor para os investimentos. O subíndice em relação às intenções de investimento no setor obteve variação positiva de 1,6%, após cinco meses de redução, chegando a 103,7 pontos e alcançando seu maior nível desde março de 2019 (104,7 pontos). Na comparação com igual período do último ano, observou-se crescimento de 9,5%.
A expectativa de contratação de funcionários continuou sendo a única dentre os indicadores de investimento acima do nível de satisfação, com 126 pontos. O incremento de 1,7% em setembro reforçou a tendência deste item, o único a apresentar variação mensal positiva já em agosto (0,3%). A maioria dos varejistas (70,9%) mantém planos de contratação para os próximos meses, superando a proporção aferida no mês anterior (65,4%).
As intenções de investimento nas empresas, apesar de continuarem abaixo de 100 pontos, registrando 93,1, obtiveram alta de 1,9% no mês, a primeira oscilação positiva desde maio de 2019, quando o aumento foi de 0,2%.
Expectativa de dias melhores
O desempenho econômico positivo também gerou maior grau de otimismo em relação ao futuro por parte dos empresários. O subíndice das expectativas, o maior dentre os três principais, com 159,6 pontos, reverteu tendência de queda apresentada nos seis meses anteriores, com acréscimo de 0,5%. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, os empresários mostraram impressão ainda mais favorável (8,2%).
Outro ponto que contribuiu para o aumento da proporção de empresários mais confiantes no futuro foi o avanço de 0,3% da intenção de consumo das famílias (ICF) – também aferida pela CNC –, com crescimento mensal de 1,1% nas perspectivas de consumo.
Sobre o Icec
O Icec é uma pesquisa mensal que avalia as condições atuais, as expectativas de curto prazo e as intenções de investimento dos empresários do comércio. É apurada exclusivamente entre os tomadores de decisão das empresas do varejo e tem como objetivo detectar as tendências das ações do setor do ponto de vista do empresário. A amostra é composta por aproximadamente seis mil empresas situadas em todas as capitais do País, e os subíndices variam de 0 a 200 pontos – a pontuação abaixo de 100 representa a zona de insatisfação, enquanto o nível acima de 100 é considerado de satisfação.
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