Brasil quebra recorde de endividados e falha no incentivo à educação financeira

Negociação de dívidas - Reprodução Canva

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O Brasil atualmente ocupa a 9º posição entre as melhores economias mundiais e tem, segundo o Fundo  Monetário Internacional (FMI), projeção de crescimento de quase 3% nos próximos cinco anos no seu Produto Interno Bruto (PIB) global, contudo, quebra recordes no número de  inadimplentes e não investe o bastante na educação financeira nacional.

De acordo com a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), o percentual de famílias endividadas avançou 0,2 ponto percentual (pp) no último mês, alcançando 78,5% das famílias do Brasil.

Deste total, 18,5% se consideraram muito endividadas, o maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010.

O país ainda aumentou, segundo o Banco Central, a proporção de endividados de risco de 9,9% em dezembro de 2020 para 14,1% em dezembro de 2022.

O Instituto Locomotiva aponta que 61% dos endividados têm o hábito de fazer rodízio de contas, ou seja, escolher qual dívida vai pagar no mês usando como base o valor dos juros e o quanto podem atrasar.

As finanças causam estresse e conflitos familiares em mais de 60% dos brasileiros e apenas 21,9% se sentem preparados para lidar com uma despesa inesperada.

Segundo a pesquisa global S&P Global Financial Literacy Survey, somente 35% dos adultos do Brasil são alfabetizados financeiramente, estando na 67ª posição entre os 143 países analisados.

Segundo Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor de novos negócios da Multimarcas Consórcios, existe uma regra que ajuda a organizar as finanças, a 50, 30, 20, sendo 50% para gastos fixos, 30% gastos variáveis e 20% investimentos ou fundo de reserva.

“Essa regra financeira é simples e separa o orçamento em três partes. O objetivo é priorizar as despesas mais importantes para passar o mês de maneira tranquila”.

Lamounier ainda ressalta que muitos jovens se endividam por falta de consciência financeira e as escolas são capazes de prevenir esse problema, ajudando os estudantes a terem condições de se manterem financeiramente, controlando os gastos por impulso.

Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que entrou em vigor no ano de 2020, a educação financeira tornou-se obrigatória na grade curricular das escolas de ensino fundamental de todo o país.

O tema transversal foi previsto para ser trabalhado em diferentes disciplinas, mas, principalmente, nas aulas de Matemática e Ciências da Natureza.

Apesar de já fazer parte do conteúdo curricular de determinadas instituições de ensino, a educação financeira não é apresentada como algo essencial em grande parte do Brasil e precisa ser mais incentivada.

“Este método já foi implementado na grade acadêmica de alguns países e beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor. A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos necessita de mais investimentos no Brasil, pois é desta forma que caminharemos para uma sociedade menos endividada”, finaliza o especialista.

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