Após 4 meses de pandemia, empresas de transporte ainda enfrentam forte queda de demanda

impacto-transporte

O setor de transporte registrou queda de demanda pelo quarto mês consecutivo. De acordo com a nova rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19, divulgada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) na última quinta-feira (23), 74,6% das transportadoras apontaram que houve diminuição da demanda em junho, sendo que mais da metade delas (57,2%) avaliou que essa retração foi grande.

A pesquisa revela ainda que, diante das dificuldades de acesso a crédito enfrentadas pelos transportadores desde o início da pandemia, mais de um terço das empresas (34,0%) precisou recorrer ao crédito rotativo. Essa é a linha com as taxas de juros mais elevadas do mercado.

O levantamento – que ouviu 858 empresas de cargas e de passageiros, de todos os modais de transporte, entre os dias 9 e 15 de julho – mostra que 79,8% das transportadoras projetam impactos negativos da crise em sua empresa por pelo menos mais quatro meses – nível mais alto na série de pesquisas de impacto da covid-19; 26,4% das empresas de transporte conseguem permanecer operando com recursos próprios por, no máximo, mais um mês, sendo que, até meados de julho, 21,3% já precisaram recorrer a linhas de financiamento para complementar o fluxo de caixa e cobrir as suas operações.

A queda de faturamento foi apontada por 60,7% das empresas de transporte consultadas pela CNT.

Além disso, 41,8% das transportadoras declararam que estão com sua capacidade de pagamento comprometida – de folha de pagamento, parcelas de financiamentos, tributos, alugueis, entre outros.

O presidente da CNT, Vander Costa, avalia que os resultados dessa nova rodada reforçam ainda mais o cenário de diminuição drástica da demanda e do faturamento do setor, além de revelar grandes dificuldades, por parte dos transportadores, para pagar obrigações rotineiras. Segundo ele, é urgente a apresentação de um plano de socorro imediato às transportadoras, de modo a oferecer uma linha de crédito exclusiva e pré-aprovada, com taxas de juros reduzidas e carência estendida. “Entendemos que, após quatro meses de pandemia, se as iniciativas governamentais durante a crise não refletirem, na prática, o socorro emergencial efetivo às empresas, muitas transportadores irão encerrar suas atividades e segmentos, como o urbano de passageiros, podem entrar em colapso, o que certamente comprometerá o funcionamento e o abastecimento das cidades brasileiras, além da retomada da atividade econômica.”

Dificuldade de acesso a crédito persiste

Desde o início da crise, 52,0% das empresas de transporte solicitaram aos bancos algum tipo de financiamento, sendo que mais da metade delas (54,3%) teve a sua solicitação negada. E 59,8% afirmam conhecer o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) – iniciativa do governo federal que busca viabilizar crédito para empresas de pequeno porte. Dessas, 39,6% solicitaram crédito pelo programa e, das que solicitaram, 90,1% tiveram a solicitação negada ou ainda esperam o retorno do pedido.

Entre as medidas consideradas prioritárias pelo setor para o atual momento, 50,8% das empresas destacam a importância da isenção de tributos federais durante a pandemia; e 50,7%, a disponibilização de crédito com carência estendida e taxas de juros reduzidas. Além disso, 39,3% citaram a necessidade da manutenção da desoneração da folha para o setor transportador. Essas pautas vêm sendo mencionadas pelos transportadores desde o início da pandemia.

Flexibilização trabalhista

Até meados de julho, 42,5% das empresas de transporte ouvidas pela CNT já haviam adotado a suspensão temporária do contrato de trabalho como uma alternativa para dar algum alívio ao seu fluxo de caixa. Segundo o levantamento, 42,7% recorreram à redução proporcional de jornada e salários; e 43,6% precisaram utilizar demissões como alternativa de última instância.

Alguns números da quarta rodada da Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19

Sair da versão mobile