Agenda da semana: confira os principais eventos econômicos

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Prévia do índice oficial de preços no Brasil deve desacelerar em setembro.

O IPCA-15 de setembro deve ficar perto de 0,26%, refletindo o forte movimento de deflação no grupo de alimentos.

A despeito da provável desaceleração na margem, o mercado deve observar com atenção os dados de difusão e os núcleos, que mostraram deterioração nos dados do IPCA de agosto.

Por outro lado, o IGP-M de setembro deve confirmar relativa aceleração dos preços brasileiros.

Após a segunda prévia do indicador surpreender com uma variação de 0,34%, a expectativa é de que a leitura final do IGP-M demonstre que o período deflacionário da economia brasileira, sustentado pela queda contínua dos preços aos produtores, foi encerrado.

A depender da variação, um crescimento do indicador pode indicar pressões maiores também sobre o IPCA, pondo em risco o cumprimento da meta de inflação para 2023.

O Copom deve adotar um tom cauteloso na ata da última reunião de política monetária.

A ata da 257ª reunião de política monetária do Banco Central do Brasil deve ser permeada por um tom bastante conservador a despeito da surpresa inflacionária do IPCA no mês de agosto e da recente decisão em seguir o plano de voo de cortar a Selic em 0,50% nas próximas reuniões.

Os membros do comitê devem chamar a atenção para os riscos inflacionários que se avolumaram no horizonte relevante para a política monetária, tais como o aumento do preço do barril de petróleo e o encarecimento dos preços de algumas commodities agrícolas.

Volume de concessões de crédito devem continuar aumentando em agosto.

Depois de um começo de ano conturbado, com parte dos analistas falando em um eventual quadro de credit crunch (ambiente em que bancos e instituições de pagamentos diminuem o volume de crédito de forma autônoma), o país parece voltar aos poucos à tendência de aumento do volume de concessões registrado antes da pandemia.

Parte do aumento esperado nas concessões pode estar associada à redução da Selic.

Embora reconheçamos a defasagem temporal entre as decisões de política monetária e seus impactos sobre a atividade econômica, a “modernização” do setor financeiro (com a portabilidade de crédito, por exemplo) pode encurtar os efeitos da redução da Selic sobre alguns canais de transmissão da política monetária.

O desemprego brasileiro deve seguir sua trajetória de queda moderada.

Os últimos meses registraram uma contínua redução nas taxas de desocupação do Brasil, que variou de 8,8% no início do ano para 7,9% no momento atual, em ritmo similar ao do crescimento econômico nacional.

A expectativa é que tal tendência se mantenha, ao menos até que os recentes cortes na Selic sejam capazes de impactar o mercado de trabalho. Parte da queda na taxa de desocupação no país deriva da melhora contínua do ambiente formal, o qual deve registrar a geração líquida de 137 mil postos em agosto.

Balanço de pagamentos deve mostrar novo déficit na conta de transações correntes.

Apesar do resultado superavitário de US$8 bilhões esperado para a balança comercial de agosto, a balança de transações correntes deve registrar um déficit de US$1,8 bilhão no mês passado.

Tal movimento se deve à ampliação dos déficits na conta de renda primária, onde ficam registradas as retiradas de lucros e juros de investimentos feitos no país, e pelo crônico déficit na conta de serviços, que tem girado em torno de US$3,3 bilhões a cada mês de 2023.

Resultados fiscais de agosto também podem trazer mais cautela ao Copom.

A continuação da deterioração dos resultados mensais das contas públicas brasileiras pode impedir um ciclo mais distendido de cortes da Selic.

Apesar de o Copom reconhecer o esforço do atual governo em recompor as contas públicas e entregar o controverso déficit zero em 2024, dados ruins na margem podem acender o sinal de alerta e obrigar a autoridade monetária a dar mais peso às questões fiscais, de modo similar ao que foi visto no começo do ano, antes da aprovação do novo marco fiscal.

Índices de preços europeus devem apontar para manutenção das pressões inflacionárias.

As leituras preliminares de inflação da Alemanha, assim como da Zona do Euro como um todo, devem apontar para uma manutenção das pressões.

Mesmo as projeções mais otimistas sugerem uma manutenção do patamar de aumento de 0,3% para o indicador germânico, com outros países devendo apresentar números ainda maiores, como o 1% visto na França em agosto.

No geral, o alívio moderado observado nos últimos meses parece ter se demonstrado um movimento passageiro, com uma segunda onda de inflação impulsionada principalmente pela ascensão dos preços do petróleo.

Leitura final do PIB dos Estados Unidos deve endossar economia sobreaquecida.

O Escritório de Análises Econômicas dos Estados Unidos deve divulgar a terceira e última leitura do PIB relativo ao segundo trimestre deste ano. A expectativa do mercado é de que o percentual fique em torno de 2,2%, percentual ligeiramente acima dos 2,1% registrados na segunda prévia.

Os dados do PIB antecederão o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que deve reforçar a leitura de que o Fed pode fazer um novo aumento de juros ainda este ano.

A semana será marcada pela divulgação dos dados semanais de novos pedidos de seguro-desemprego, dados importantes que podem ajudar a modular a fala de Powell.

Os números mais recentes continuam apontando para um mercado de trabalho sobreaquecido.

Por fim, serão divulgados também os números do PCE, o indicador de inflação mais observado pelo Fed e a expectativa é de que haja alguma aceleração na margem.

PMI industrial de setembro deve testar a resiliência da reaceleração chinesa.

Não é novidade que a China vem atravessando um forte processo de desaceleração nos últimos meses.

As autoridades monetárias, por sua vez, aplicaram uma sequência de cortes nas taxas de juros de forma a reanimar o nível de atividade. Depois de muito tempo, os primeiros efeitos de tais políticas começaram a aparecer, com os dados de produção industrial e varejo vindo muito acima do esperado.

Agora, é a vez do PMI indicar se os números observados até então são parte de um movimento consistente, ou apenas pontos fora da curva em uma tendência de queda.

André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online (Divulgação)
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