Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, já sinaliza que a Casa não deve votar o projeto de reforma do imposto de renda, nem a PEC 110. Segundo ele, as pautas ficarão para votação em 2022.
Mesmo com a postergação, Pacheco defende que as propostas têm “senso de urgência”, são “importantes” e estão sendo analisadas pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Um dos principais impactos da reforma do imposto de renda é a o da tributação sobre lucros e dividendos, fato que já foi aprovado na Câmara dos Deputados em setembro.
A esperança do governo federal e da sua equipe econômica era a aprovação completa (Câmara e Senado) no ano de 2021, já que o valor extra arrecadado com a reforma ajudaria a financiar o Auxílio Brasil.
Contudo, a reforma tributária não só não vai acontecer em 2021, como também não deve acontecer
A maior crítica está relacionada com a demora para acontecer a reforma, pois desde os anos 1990 se fala dessa necessidade, e quem já esperou e sobreviveu por duas décadas, o que custa esperar mais 2 ou 3 anos?
O outro problema é a “forma” da reforma.
No Senado, várias propostas de reformas tributárias estão correndo, as mais avançadas são a PEC 110 que pretende extinguir tributos e criar o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), além da reforma do imposto de renda.
São duas propostas interessantes e necessárias, mas que não caminham juntas. Por que não uma reforma tributária geral e única? Seria mais fácil ganhar tração e atração dos senadores.
Além da importância da reforma tributária (que afeta as receitas) é importante mexer nas despesas (reforma administrativa), mas se no ano eleitoral a reforma tributária não é positiva para os parlamentares, imagina a reforma administrativa, que é ainda menos improvável de acontecer em 2022.
É bem possível que o biênio 21-22 termine sem reformas e com total falta de sintonia entre o Governo Federal, Câmara dos Deputados e Senado.
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* Murillo Torelli Pinto é professor de Contabilidade Financeira e Tributária da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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