Empresas brasileiras ainda enfrentam baixa maturidade em governança de dados

Ausência de políticas claras compromete segurança, compliance e competitividade das organizações

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Foto: Reprodução/ Divulgação

Apesar do avanço da transformação digital no Brasil, a maioria das empresas ainda apresenta baixa maturidade na gestão de dados. De acordo com a pesquisa Data and Analytics Trends, da consultoria Gartner, apenas 40% das organizações brasileiras possuem uma estratégia formal de governança de dados.

O estudo também aponta que 87% das empresas enfrentam dificuldades estruturais na gestão da informação, o que as expõe a riscos como vazamentos, penalidades legais e perda de competitividade.

Para especialistas, o cenário reforça a necessidade de tratar os dados como um ativo estratégico — e não apenas como uma questão técnica restrita à área de Tecnologia da informação (TI).

“A governança de dados vai além do armazenamento seguro. Envolve políticas, processos e controles que garantem a integridade, o uso ético e a disponibilidade das informações certas, no momento certo, para as pessoas certas”, afirma Marcelo Araújo, diretor comercial da eBox Digital, empresa especializada em gestão e proteção de documentos físicos e digitais.

Vazamentos e riscos legais acendem alerta

Casos recentes de vazamento de dados, como os registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e em grandes redes do varejo, evidenciam os impactos operacionais e reputacionais decorrentes da ausência de estruturas robustas de governança.

Segundo Araújo, a falta de preparo vai além da exposição a multas previstas na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Trata-se de uma oportunidade perdida de gerar valor. Com dados bem estruturados, é possível personalizar serviços, acelerar processos e tomar decisões mais inteligentes”, explica.

Desafios recorrentes nas organizações

Entre os principais entraves observados nas empresas brasileiras estão a falta de mapeamento completo do ciclo de vida dos dados — desde a coleta até o descarte — e a ausência de clareza sobre responsabilidades na gestão das informações. Também há baixa integração entre setores estratégicos, como TI, jurídico, compliance e áreas de negócio, o que dificulta a construção de uma política eficaz.

Caminhos para melhorar a governança

Para reverter esse quadro, o uso de tecnologias especializadas tem sido apontado como uma alternativa viável.

Ferramentas de Gestão Eletrônica de Documentos (GED), automação de fluxos e inteligência artificial aplicada à categorização e rastreabilidade de conteúdos estão entre os recursos recomendados.

No entanto, segundo Araújo, a mudança mais relevante é de ordem cultural. “O investimento em governança precisa vir acompanhado de uma transformação na mentalidade dos líderes. A informação precisa ser entendida como parte do core business, e não como responsabilidade exclusiva da equipe de tecnologia”, ressalta.

Informação como diferencial estratégico

Para especialistas, o domínio sobre os próprios dados pode representar um diferencial competitivo relevante. “Quando os dados são acessíveis, confiáveis e protegidos, tornam-se base para inovação e crescimento sustentável”, conclui Araújo.

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