Taxação de grandes fortunas será desafio para governo Lula

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Uma das principais bandeiras de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, a taxação de grandes fortunas deverá ganhar força durante o seu terceiro mandato, a partir do próximo ano.

A proposta visa diminuir as desigualdades sociais dentro da política tributária brasileira.

Apesar de ser uma promessa aos eleitores, a medida poderá enfrentar sérios desafios para ser aprovada, avaliam especialistas.

Para o advogado especializado em Direito Empresarial, Fernando Brandariz, a grande dificuldade não será do ponto de vista político no Congresso Nacional.

Mas na avaliação dele, o principal entrave vai girar em torno da definição do conceito de grande fortuna.

O especialista explica que já existem dois projetos nesse sentido em tramitação.

Porém, a diferença de valores entre eles é muito grande.

“Um desses projetos compreende que grande fortuna equivale a um patrimônio superior a R$ 2 milhões e o outro entende que deve ser acima de R$ 10 milhões para ser sujeito à tributação. Por isso, a discussão sobre esse valor será intensa”, destaca Brandariz.

Taxação de grandes fortunas foi promessa de campanha

Ainda na opinião do advogado, o debate acerca da proposta é um caminho sem volta a partir de agora, por se tratar de uma promessa de campanha.

Por outro lado, ele acredita que a aprovação da taxação não deve ser rápida.

“O grande entrave acontece, mas a medida precisa ser discutida porque existe na Constituição Federal a obrigatoriedade da União em legislar sobre o tema”, esclarece.

Por outro lado, Brandariz estima que muitas famílias brasileiras deverão transferir a residência fiscal delas para outros países.

A expectativa, segundo ele, é de que as nações escolhidas serão aquelas onde não há tributação de grandes fortunas.

“Na verdade, é possível criar até mesmo um impacto reverso no Brasil”, analisa.

Imposto sobre a herança

Ainda dentro dessa taxação de grandes fortunas, também existe a proposta de aumentar o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer bens ou Direitos (ITCMD), que é de abrangência estadual e deve entrar nesse pacote. Também existem duas propostas para ampliar a alíquota sobre a herança.

“Uma delas é um projeto no Senado, que sobe o limite de 8% para 16% do imposto sobre a herança e o outro se trata do Ofício CONSEFAZ 11/2015, que eleva a alíquota para 20%. O contribuinte deverá pensar em iniciar o planejamento sucessório. Discussão como essa não é muito feita nas famílias”, ressalta.

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