Tarifas de Trump Podem Desencadear Recessão Global, Afirmam Especialistas à Revista Capital Econômico

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As tarifas impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam a reverberar pelo cenário econômico mundial, levantando preocupações de uma possível recessão global. Em uma análise aprofundada, a Revista Capital Econômico consultou economistas e especialistas em comércio internacional para discutir as implicações dessas políticas tarifárias e seus efeitos duradouros na Economia global, que foram unanimes sobre o aumento da inflação. Confira!

 “Quando o governo aumenta tarifas sobre produtos importados, tudo fica mais caro. Isso gera inflação, e para controlar a inflação, o banco central precisa subir os juros. Com juros mais altos, tomar crédito fica mais difícil, as empresas investem menos, e o consumo desacelera. No fim, a economia pode entrar em recessão. A estratégia de Trump pode acabar prejudicando os próprios EUA: ao dificultar o comércio, as empresas americanas pagam mais caro por insumos, perdem competitividade e podem contratar menos. Ou seja, em vez de fortalecer a economia, ele pode acabar enfraquecendo o crescimento e o emprego. O problema não para por aí. Se os EUA desaceleram, o impacto se espalha pelo mundo, reduzindo comércio e investimentos globais. Para o Brasil, isso significa menos demanda por exportações, menos entrada de capital estrangeiro e maior volatilidade no câmbio, o que pode pressionar o dólar e os juros por aqui”, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike. 

       “É importante lembrar, que medidas tarifárias elevam os custos de importação para empresas e consumidores, encarecendo produtos essenciais e pressionando a inflação para cima. Com preços mais altos, o Federal Reserve pode ser forçado a elevar os juros para conter a inflação. No entanto, taxas de juros mais altas encarecem o crédito, freiam investimentos e desaceleram o consumo, o que pode levar a uma recessão. Esse ciclo de alta de preços, resposta monetária agressiva e desaceleração econômica pode gerar um efeito cascata, impactando tanto a economia americana quanto seus principais parceiros comerciais.
Além disso, um novo tarifário pode desencadear retaliações por parte de outros países, reduzindo as exportações americanas e comprometendo setores que dependem do comércio global, como tecnologia, manufatura e agronegócio. A guerra comercial que Trump iniciou em seu mandato anterior com a China demonstrou os efeitos nocivos desse tipo de política, resultando em perdas para agricultores americanos e empresas que dependem de cadeias produtivas globais. Se implementado de forma ampla, o tarifário de Trump pode gerar distorções nos mercados globais, encarecendo insumos industriais, elevando os preços de produtos finais e reduzindo a competitividade dos EUA no cenário internacional. No fim das contas, a política que supostamente busca proteger a economia americana pode acabar prejudicando-a, agravando desequilíbrios”, Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos. 

       “Sem dúvida, essas tarifas vão resultar em um aumento de preços no curto prazo, e há a possibilidade de que outros países retenham tarifas em resposta, o que também elevará a inflação nesses países. Como a principal ferramenta para controlar a inflação é a taxa de juros, existe a chance de que não apenas os Estados Unidos, mas outros países também reduzam o ritmo de flexibilização monetária e, em vez disso, aumentem suas taxas de juros para conter a inflação. Essa elevação das taxas de juros em países desenvolvidos impacta diretamente a capacidade de nações com maior percepção de risco, como o Brasil, de reduzir suas próprias taxas. Portanto, um movimento dessa natureza pode dificultar um ciclo de afrouxamento monetário no Brasil. Por outro lado, é provável que outros países adotem uma postura mais protecionista, buscando trazer produção para dentro de suas fronteiras. Isso afetará as cadeias de suprimento globais e, consequentemente, os mercados internacionais, resultando em um longo período de reajustes. Historicamente, situações como essa já ocorreram e tendem a se repetir no futuro. Contudo, normalmente, esse tipo de cenário acaba se ajustando ao longo do tempo”, Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.

       “O grande risco das tarifas de Trump é a espiral econômica que elas podem gerar. Ao aumentar os preços dos produtos importados, a inflação nos Estados Unidos tende a subir. Para conter isso, o Federal Reserve pode ser forçado a elevar os juros, o que desacelera a economia. Se essa dinâmica se intensificar, não está descartado um cenário de recessão, afetando não só os EUA, mas também o comércio global, já que outros países acabam respondendo com tarifas próprias”, Pedro Ros, CEO da Referência Capital.

       “Essas tarifas criam um efeito dominó preocupante. Produtos mais caros geram inflação, e a resposta natural é o aumento dos juros. Isso torna o crédito mais caro, reduz o consumo e desacelera a economia. Se outros países, como China, México e Canadá, adotarem retaliações, o risco de uma guerra comercial se amplia, travando cadeias de produção globais. O impacto final pode ser uma recessão que não se limita às fronteiras americanas”, Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.  

      “As tarifas impostas por Trump têm um efeito direto sobre os preços, podendo pressionar a inflação e forçar um aumento dos juros, o que pode desacelerar a economia e até gerar riscos de recessão. No entanto, eu consigo enxergar nesse movimento uma estratégia de proteção da indústria americana e um incentivo à produção local, reduzindo a dependência externa. O desafio é encontrar o equilíbrio entre proteger a economia doméstica e evitar impactos negativos no mercado global. O que é certo é que os efeitos dessa política precisam ser acompanhados de perto”, João Kepler, CEO da Equity Group.

       “O protecionismo de Trump pode parecer uma defesa da economia americana, mas o efeito pode ser o oposto. Produtos mais caros significam inflação, que leva ao aumento dos juros para controlá-la. Isso encarece os empréstimos, afeta o consumo e inibe investimentos. Se os parceiros comerciais reagirem com tarifas próprias, cria-se um ciclo perigoso. A economia global, interconectada, não ficará imune, podendo desencadear uma desaceleração generalizada”, André Matos, CEO da MA7 negócios.

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