O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, optou por manter inalteradas as taxas de juros, adotando uma postura considerada “dovish”, ou seja, favorável a uma futura flexibilização monetária, caso as condições econômicas justifiquem.
A instituição sinalizou que está preparada para realizar cortes nos juros no segundo semestre de 2025, desde que a inflação continue a desacelerar e o mercado de trabalho mostre sinais mais claros de enfraquecimento.
Previsões econômicas atualizadas
No Sumário de Projeções Econômicas (SEP), o Fed revisou algumas expectativas:
- O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 foi reduzido de 1,7% para 1,4%, refletindo preocupações com o comércio internacional e adversidades econômicas globais.
- A taxa de desemprego foi ajustada de 4,4% para 4,5%, sugerindo sinais iniciais de desaceleração no mercado de trabalho.
- A inflação medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE) foi revisada para cima: a previsão geral subiu de 2,7% para 3,0%, e o núcleo da inflação (excluindo alimentos e energia), de 2,8% para 3,1%.
Apesar do aumento na projeção inflacionária, o Fed manteve sua previsão de taxa básica de juros em 3,9% para 2025, sugerindo dois cortes ao longo do ano.
Reação do mercado e contexto político
A decisão unânime do Fed reforça a unidade institucional em um cenário de crescente pressão política. O ex-presidente Donald Trump tem feito apelos por cortes mais agressivos, entre 1% e 2,5%, além de críticas públicas ao presidente da instituição, Jerome Powell.
Ainda assim, o Fed optou por manter sua política monetária estável, reafirmando seu compromisso com a independência e seu duplo mandato: estabilidade de preços e pleno emprego.
A expectativa agora se volta para as declarações futuras de Powell, que devem esclarecer como o Fed está ponderando os dados recentes de inflação moderada frente a riscos geopolíticos e tarifários ainda presentes.
Perspectivas para o futuro
Com uma trajetória de juros mantida para 2025 e levemente mais alta para 2026 e 2027, o Fed parece adotar uma estratégia de cautela, equilibrando os riscos inflacionários com sinais de possível desaceleração econômica.
A manutenção da taxa de juros de longo prazo em 3,0% reforça essa postura de estabilidade gradual. O mercado continuará atento aos próximos dados macroeconômicos e aos pronunciamentos da autoridade monetária para antecipar os próximos passos da política do banco central.