A renda fixa foi a queridinha dos brasileiros por muito tempo. Os juros altos asseguravam um bom retorno, e, por causa disso, não era preciso procurar muito antes de se decidir. Embora o cenário tenha mudado nos últimos anos com a queda da Selic, esses investimentos continuam entre as preferências.
O que é Renda Fixa?
Decerto, os investimentos em renda fixa têm o cálculo da remuneração previamente definido e conhecido desde que você aplica.
Ou seja, quem compra um título de renda fixa “empresta” dinheiro para alguém. Em troca, espera receber o valor aplicado de volta acrescido de juros, que são a remuneração pelo tempo em que o recurso ficou emprestado.
As condições dessa transação, por exemplo, prazos, taxas, índices de referência e detalhes quanto à negociação dos papéis são acertadas desde o início.
Os emissores de títulos de renda fixa – isto é, quem toma o dinheiro emprestado – podem ser bancos, empresas e o próprio governo. O funcionamento geral dos papéis é semelhante, não importa a origem. O que é importante pontuar é que renda fixa não significa retorno garantido.
Esses investimentos também estão sujeitos a riscos, tanto de crédito quanto de mercado. Em algumas situações, o valor de um papel pode variar tanto quanto uma ação.
Qual a diferença entre Renda Fixa e Variável
Se nos investimentos de renda fixa a remuneração é conhecida desde o momento da aplicação, nos investimentos de renda variável acontece exatamente o oposto. Nesse caso, o investidor não consegue saber previamente qual será a rentabilidade da aplicação.
Na compra de ações, por exemplo, existem duas maneiras de ganhar na bolsa de valores. São elas: a distribuição de dividendos aos acionistas pelas companhias emissoras e a valorização dos papéis no pregão.
Embora analistas do mercado financeiro possam projetar as duas formas, baseadas em análises de mercado e dos balanços da empresa que as emitiu, nada assegura que o cenário vai se confirmar.
Em resumo, não dá para ter certeza de qual será o ganho nos próximos seis meses ou um ano, tampouco se haverá ganho ou prejuízo.
Como funciona a remuneração da Renda Fixa
O cálculo da rentabilidade dos investimentos de renda fixa pode seguir padrões diferentes, de acordo com o tipo de papel que estiver em análise. As três formas tradicionais de remuneração são:
Papéis prefixados
Nesse tipo de aplicações, os juros são fixos e estabelecidos no momento em que elas são lançadas. Por isso, o investidor consegue saber quanto receberá no vencimento em reais.
Papéis pós-fixados
Nesse caso, a remuneração é atrelada a algum indicador de referência (por exemplo a Selic ou a taxa do CDI) e o valor do título é atualizado com base nele. O investidor sabe, de antemão, que indicador é esse, mas não tem certeza de quanto receberá no vencimento em reais, porque a taxa pode variar ao longo do tempo.
Papéis híbridos
Estes mesclam características de aplicações pré e pós-fixadas. Uma parcela da remuneração se dá por juros fixos e outra é atrelada a um indicador que pode variar ao longo do tempo.
O caso clássico é o dos títulos atrelados à inflação, que pagam uma taxa prefixada mais a variação do IPCA ou outro índice de preços.
Investimentos em Renda Fixa
A renda fixa é uma grande categoria de investimentos, que reúne diversos tipos diferentes de produtos. Os principais são:
1- Títulos Públicos
Quem aplica em títulos públicos empresta dinheiro para o governo fazer a máquina pública funcionar. Os títulos públicos são considerados os investimentos mais seguros, porque são emitidos pela mesma grande entidade que imprime o dinheiro do país.
2- Poupança
A poupança é o investimento mais tradicional do Brasil. Dezenas de milhões de pessoas têm pelo menos algum dinheiro guardado na caderneta.
Nessa modalidade, as regras de funcionamento e de rentabilidade seguem diretrizes estabelecidas pelo governo. Não há taxas para aplicar na poupança, nem incidência de Imposto de Renda, ou seja, os rendimentos são isentos.
3- CDBs
Assim como o governo levanta dinheiro emitindo títulos públicos, os bancos fazem o mesmo lançando Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) no mercado.
Os CDBs mais comuns são pós-fixados e oferecem como remuneração um percentual de algum índice de referência de renda fixa, normalmente, a taxa do CDI. Em alguns bancos, essa rentabilidade pode ser tão baixa quanto a da poupança (de 70% do CDI, por exemplo). No entanto, para atrair investidores, alguns outros podem oferecer até mais do que 100% do CDI.
4- Debêntures
Debêntures são títulos de crédito que empresas e negociados no mercado de capitais emitem. Eles também representam uma dívida, como os títulos públicos e os CDBs, mas com emissores diferentes do governo ou dos bancos.
Normalmente, os recursos levantados pelas empresas com as debêntures servem para financiar grandes projetos, como a construção de uma nova fábrica ou um processo de expansão internacional. Por isso, elas costumam ter um vencimento mais longo que outros produtos de renda fixa.
5- LCI e LCA
A lógica do funcionamento das letras de crédito, tanto imobiliário (LCI) quanto do agronegócio (LCA), é semelhante à dos CDBs.
Elas também são emitidas por instituições financeiras, com a diferença de serem restritas àquelas com alguma atividade de crédito relacionada ao setor imobiliário ou agronegócio. Elas também contam com a cobertura do FGC.
6- CRI e CRA
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRA) são produtos financeiros um pouco mais complexos. Eles envolvem securitização, um processo que, grosso modo, transforma direitos de crédito, assim como as parcelas de um financiamento imobiliário ou o pagamento de aluguéis mensais, em papéis negociados no mercado financeiro.
Vantagens e desvantagens da Renda Fixa
As aplicações de renda fixa embutem algumas vantagens que podem ser importantes para alguns investidores. Entre elas está a maior previsibilidade quanto ao comportamento dos papéis e os ganhos que podem ser obtidos.
Embora não sejam livres de riscos como o nome “renda fixa” sugere, essas aplicações oferecem ao investidor um horizonte mais claro sobre o que esperar.
Outra vantagem é a variedade de produtos disponíveis, cada um com uma característica bem específica, e de emissores possíveis. Assim, é possível diversificar a carteira, sem concentrar demais os investimentos em poucas opções.
Por outro lado, uma das principais desvantagens da renda fixa é que os ganhos são estáveis até demais. Há menos chances de se obter um retorno elevado rapidamente, como é comum acontecer no mercado de renda variável.
Na verdade, com os juros em queda nos últimos anos, a rentabilidade dos papéis de renda fixa está ficando cada vez menos atrativa. E, embora exista uma variedade grande, alguns investimentos de renda fixa podem exigir aplicações iniciais elevadas, dificultando o acesso dos pequenos investidores.
É seguro investir?
Embora sejam aplicações mais previsíveis que as de renda variável, os investimentos de renda fixa não são livres de riscos. O mais evidente deles é o risco de crédito, que envolve a possibilidade de perdas causadas pela incapacidade financeira da empresa emissora. Ou seja, a chance de tomar um calote.
Todas as aplicações de renda fixa envolvem risco de crédito em algum grau. Porém, é possível manejá-los escolhendo, por exemplo, papéis emitidos por empresas com um rating elevado.
Os títulos que contam com proteção do FGC são considerados mais seguros, ainda que o limite seja de R$250 mil por investidor e por instituição financeira.
Outro risco que também está presente nos investimentos de renda fixa é o de mercado. Ou seja, o risco de que as condições do mercado afetem o valor dos papéis. Esse risco é mais alto nos ativos prefixados e se apresenta na situação em que o investidor quer ou precisa resgatar os recursos antes do vencimento.
Nesse caso, é necessário vender os papéis pelo valor atual de negociação deles no mercado. O problema é que pode ser mais alto ou mais baixo do que o registrado na época do investimento, não tem como prever. Isso porque o rendimento acertado previamente, ao realizar o investimento, vale apenas caso a aplicação continue até o vencimento.
Um impacto semelhante ocorre com os títulos prefixados quando a inflação aumenta. No ajuste, eles perdem valor, já que seu retorno real se torna menos interessante.
Investimentos de renda fixa podem estar sujeitos ainda a risco de liquidez, que é o grau de dificuldade para converter uma aplicação em dinheiro vivo. Uma debênture pouco negociada no mercado, por exemplo, tem um risco de liquidez maior que o de um título público do Tesouro Direto.
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