Real se desvaloriza com peso da inflação e tensão com os EUA

Medidas protecionistas de Trump e inflação elevada no país pressionam a moeda brasileira, mas fundamentos econômicos ainda oferecem suporte

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Fonte: Canva

O real brasileiro voltou a se desvalorizar fortemente no início deste mês, ultrapassando a marca de R$ 5,50 por dólar e atingindo o menor valor em mais de 30 dias. O movimento foi impulsionado por uma combinação de fatores externos e internos, com destaque para o aumento das tensões comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos e a persistência da inflação no cenário doméstico.

A nova rodada de medidas anunciadas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, que voltou ao centro do noticiário internacional, acendeu um alerta nos mercados. Ele impôs uma tarifa de 35% sobre produtos canadenses e ameaçou estabelecer tarifas adicionais, variando entre 15% e 20%, sobre uma série de países, incluindo o Brasil. A medida veio logo após a confirmação de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, com vigência a partir de 1º de agosto.

Para especialistas, há um claro movimento de aversão ao risco e fuga para ativos mais seguros, como o dólar, o que pressiona moedas de países emergentes, especialmente aquelas com maior exposição ao comércio com os EUA, como é o caso do Brasil.

Além do cenário externo conturbado, o Brasil enfrenta desafios internos. A inflação segue pressionada e atingiu 5,35% no acumulado de 12 meses até junho — muito acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. Diante disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15%, e indicou que pretende adotar uma “pausa muito prolongada” na trajetória dos juros, frustrando as expectativas de cortes no curto prazo.

Apesar do ambiente adverso, analistas veem sinais de resiliência na economia brasileira. Os juros reais continuam entre os mais altos do mundo, o que atrai investidores internacionais em busca de retornos via operações de carry trade — uma estratégia que se beneficia da diferença entre os juros de dois países. Além disso, o Tesouro Nacional revisou para cima sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, agora estimado em 2,5%.

Vale ressaltar que embora os riscos externos tenham aumentado, o Brasil ainda conta com fundamentos sólidos que podem mitigar parte desses choques. A política fiscal está relativamente sob controle e o setor externo continua forte, com superávit comercial robusto.

A expectativa agora é por novos desdobramentos nas relações comerciais e por sinais mais claros da política monetária global, especialmente do Federal Reserve, que também enfrenta dilemas parecidos quanto à inflação e crescimento nos Estados Unidos.

– Com informações da Trading Economics

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