Privatização da Eletrobrás e a seca dos reservatórios

eletrobras-privatizacao

Imagem: Reprodução

Muitos estados e cidades afirmam que terão vacinado até setembro, com pelo menos uma dose, todos os adultos em idade produtiva. Assim, a tão esperada retomada econômica poderá ter mais fôlego.

Contudo, dois fatores podem atrasar o sonho do “novo normal”: a privatização da Eletrobrás e a possibilidade de uma anunciada crise hídrica. Em conjunto, esses fatores certamente poderão encarecer a conta de luz.

Privatização

A medida provisória aprovada pelo Congresso Nacional abre caminho para a privatização da Eletrobrás, mas a “venda” da empresa deve se concretizar, de fato, apenas no ano de 2022.

“Se a possível privatização da empresa vai aumentar ou baratear a conta de luz, vai depender muito de como ocorrerá o processo. Se o governo dividir a concessão entre distintas empresas, incentivando um maior grau de competitividade entre essas empresas, provavelmente a conta vai baratear. Por outro lado, se a concessão for repartida entre poucas empresas, de modo que elas tenham poder de mercado, em moldes semelhantes a um oligopólio, a conta de luz poderá aumentar”, opina Matheus Albergaria, professor de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).

O especialista diz que o mais importante a se pensar em relação à privatização é que, em princípio, a medida deveria aumentar o grau de competição entre as empresas.

“Historicamente, sabemos que, quanto mais competitivos são os mercados, maior tende a ser o bem-estar dos consumidores e da sociedade como um todo, uma vez que, em mercados assim, os preços tendem a se aproximar dos custos de produção, ao mesmo tempo em que há uma quantidade ofertada de bens e serviços que tende a maximizar o bem-estar social”.

O professor diz que o melhor modelo de privatização, não apenas para o setor elétrico, mas para a maioria dos setores da economia, é aquele que tende a estimular a competitividade entre as empresas do setor.

“A título de exemplo, vale a pena pensar no setor de telefonia. Há cerca de 20 anos, havia apenas a antiga TELESP em São Paulo.”

Os preços eram mais altos e os consumidores tinham menos diversidade de escolha, em termos de bens e serviços oferecidos. Hoje temos um número maior de empresas atuantes no setor, ainda que esse número não seja plenamente competitivo.

Vale destacar que essas poucas empresas oferecem muito mais diversidade, em termos de bens e serviços ofertados, assim como preços menores do que antes, quando havia apenas uma única empresa estatal no mercado.

Outro exemplo interessante corresponde ao setor de aviação civil: hoje existem muito mais empresas disputando os consumidores no mercado de voos domésticos e internacionais, tanto em termos de preços quanto de qualidade dos serviços oferecidos.”

Crise Hídrica

Albergaria também acredita que uma possível crise hídrica causada pela seca dos reservatórios pode vir a aumentar o preço da energia.

“É algo que já observamos anteriormente na história do Brasil. Por um lado, a seca dos reservatórios pode ser vista como um choque adverso de oferta, uma vez que tende a reduzir a oferta de água e, em última instância, aumentar o custo de produção de energia hidrelétrica.” Comenta.

“Por outro lado, um processo de abertura da economia ao comércio internacional está, em geral, associado a menores preços no País, uma vez que estimula a competição entre empresas domésticas, que passam a ter de enfrentar maior concorrência de empresas estrangeiras.” Continua o professor.

“O saldo líquido dessas forças que atuam em sentidos contrários será visto no futuro próximo: se acontecer a seca dos reservatórios, poderá ocorrer um aumento no preço da energia, devido ao choque adverso de oferta. Mas esse aumento pode não ser tão pronunciado, caso ocorra maior abertura da economia. De fato, o próprio processo de abertura ao comércio internacional dependerá dos cenários político e econômico domésticos, ainda atrelados às campanhas de vacinação contra a Covid-19 nos estados e municípios brasileiros”, finaliza.

Sobre a FECAP

A Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) é referência nacional em educação na área de negócios desde 1902.

A Instituição proporciona formação de alta qualidade em todos os seus cursos: Ensino Médio (técnico, pleno e bilíngue), Graduação, Pós-graduação, MBA, Mestrado, Extensão e cursos corporativos.

Dentre os diversos indicadores de desempenho, comprova a qualidade superior de seus cursos com os resultados do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e do IGC (Índice Geral de Cursos), no qual conquistou o primeiro lugar entre os Centros Universitários do Estado de São Paulo.

Em âmbito nacional, considerando todos os tipos de Instituição de Ensino Superior do País, está entre as 5,7% IES cadastradas no MEC com nota máxima.

Sair da versão mobile