A disputa comercial entre as duas maiores potências do mundo ganhou novos contornos nos últimos dias. Nesta segunda (14), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu o embate ao acusar China e Vietnã de articularem estratégias para prejudicar a economia americana. Enquanto isso, Xi Jinping iniciou uma ofensiva diplomática no Sudeste Asiático, reforçando laços econômicos e buscando alternativas ao mercado norte-americano.
Trump lança tarifas mais duras
Durante uma reunião com o presidente de El Salvador, Trump afirmou que Pequim estaria se reunindo com o Vietnã para encontrar formas de “prejudicar os EUA”. Segundo ele, o caminho para proteger os interesses americanos é simples: elevar as tarifas de importação.
O governo norte-americano já havia aumentado significativamente os impostos sobre produtos chineses, alcançando um total de 145% em tarifas. O presidente também sugeriu novos tributos sobre itens farmacêuticos e demonstrou preocupação com o setor automotivo, já que quase metade dos veículos vendidos nos EUA em 2024 foi importada — um dado alarmante para a indústria nacional.

Eu não culpo a China; eu não culpo o Vietnã. Vejo que eles estão se reunindo hoje… é uma reunião adorável. Uma reunião como se estivessem tentando descobrir ‘como podemos prejudicar os EUA.
Xi Jinping responde
Enquanto os EUA endurecem seu discurso protecionista, Xi Jinping embarcou em uma missão diplomática com foco na cooperação comercial. O presidente chinês iniciou sua viagem pelo Vietnã, seguindo para Malásia e Camboja, com o objetivo de reafirmar a China como um parceiro confiável e estável diante da instabilidade promovida por Washington.
Xi fez duras críticas ao protecionismo, classificando-o como um “caminho sem futuro”, e reforçou que a China está disposta a resolver disputas — como os conflitos territoriais no Mar da China Meridional — de forma pacífica e diplomática.
Nenhum vencedor pode emergir desse conflito comercial. Uma guerra comercial e uma guerra tarifária não produzem vencedores, e o protecionismo não leva a lugar nenhum.
Vietnã: parceiro estratégico ou pivô da tensão?
O Vietnã ocupa uma posição central nesta disputa geopolítica. Além de ser um dos principais receptores de investimentos chineses, o país também serve como alternativa para empresas que desejam fugir das tarifas impostas pelos EUA à China. Essa movimentação preocupa Trump, que vê o deslocamento da produção como uma ameaça à competitividade americana.
Por outro lado, a diplomacia vietnamita — conhecida como “diplomacia de bambu” — busca manter o equilíbrio entre os dois gigantes, cultivando relações estratégicas tanto com Washington quanto com Pequim.
Impactos no comércio global
O acirramento dessa guerra tarifária entre Estados Unidos e China tem gerado instabilidade nos mercados internacionais. As elevações tarifárias, seguidas por retaliações mútuas, afetam cadeias produtivas, investimentos e preços globais.
Países do Sudeste Asiático, como o Vietnã e a Malásia, se tornaram peças-chave nesse tabuleiro. Eles podem tanto ajudar Pequim a amortecer os impactos quanto intensificar a desconfiança americana sobre as redes globais de produção.
O conflito entre Trump e Xi Jinping ultrapassa a esfera econômica e se estabelece como uma disputa por influência global. Enquanto os EUA apostam na força tarifária, a China amplia seus horizontes com diplomacia e integração regional. O desfecho dessa disputa terá consequências duradouras não apenas para os países envolvidos, mas para toda a economia mundial.
Fonte: South China Morning Post