Portugal propõe mudanças na Lei da Nacionalidade com critérios mais rígidos

Entre os principais pontos da proposta estão a exigência de vínculo duradouro com o país, aumento dos prazos de residência legal e a possibilidade de testes sobre cultura, língua e cidadania portuguesa

Portugal propõe mudanças na Lei da Nacionalidade com critérios mais rígidos lei nacionalidade 1 1

Foto: Reprodução/ Divulgação

O governo de Portugal apresentou ao Parlamento uma proposta de reforma da Lei da Nacionalidade que prevê mudanças significativas nos critérios para a concessão de cidadania portuguesa.

A iniciativa, segundo o Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, busca garantir uma ligação “genuína, robusta e duradoura” com o país por parte dos solicitantes.

A proposta traz cinco alterações principais que impactam tanto imigrantes residentes em território português quanto descendentes de portugueses no exterior.

Entre as mudanças, estão o aumento dos prazos mínimos de residência, a criação de uma nova unidade de controle de fronteiras e a exigência de conhecimentos sobre a língua, cultura e valores portugueses.

Principais mudanças previstas na proposta

  1. Criação de nova unidade de fronteiras
    Será instituída a Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras, responsável pelo controle migratório e segurança de fronteiras, substituindo o antigo modelo do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), extinto em 2023.
  2. Mudança nas regras para filhos de estrangeiros nascidos em Portugal
    Filhos de imigrantes passarão a ter direito à nacionalidade originária apenas se um dos pais estiver legalmente residente em Portugal há pelo menos três anos e manifestar formalmente o desejo de que o filho seja português.
  3. Regras mais rígidas para nacionalidade derivada
    O tempo mínimo de residência legal exigido aumentará para sete anos no caso de cidadãos da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e dez anos para os demais. Além disso, os solicitantes deverão:

A proposta também extingue a concessão de nacionalidade a descendentes de judeus sefarditas, mecanismo criado em 2015.

  1. Inclusão de bisnetos na nacionalidade por ascendência
    A nova legislação permitirá que bisnetos de portugueses solicitem a nacionalidade, ampliando o alcance da regra atual, que se restringe a netos.
  2. Possibilidade de perda de cidadania por naturalizados
    Cidadãos naturalizados que forem condenados por crimes graves poderão ter a nacionalidade retirada, desde que por decisão judicial. A medida não se aplicará a quem tenha nacionalidade originária.

Debate e incertezas

Embora ainda esteja em tramitação e dependa de aprovação parlamentar e sanção presidencial, a proposta já gera discussões entre juristas, especialistas e organizações ligadas à imigração.

Advogados apontam que a introdução de critérios como o “conhecimento da cultura portuguesa” e a “adesão ao Estado de Direito Democrático” pode gerar insegurança jurídica por sua natureza subjetiva.

Ainda não há definição de como esses requisitos serão avaliados — há especulações sobre a adoção de testes semelhantes aos aplicados em outros países, como os Estados Unidos.

Outro ponto de atenção envolve os imigrantes que já residem legalmente em Portugal e que se organizam com base nas regras atuais para solicitar a cidadania. Mudanças nos prazos e critérios podem afetar diretamente seus planos e processos em andamento.

A proposta também levanta questões sobre a viabilidade de aplicação das novas exigências e o impacto que poderão causar na integração de comunidades estrangeiras já estabelecidas no país.

Sair da versão mobile