O poder ainda tem dono: a luta das mulheres por espaço na política 

Estudo do RenovaBR mostra que a representatividade feminina e racial ainda enfrenta barreiras estruturais, especialmente na disputa eleitoral para o Executivo

O poder ainda tem dono: a luta das mulheres por espaço na política  Mulheres na politica 1 1

Foto: Reprodução/ Freepik

Um levantamento realizado pelo RenovaBR aponta que, apesar da presença da diversidade na política brasileira, a representação política ainda é muito baixa, especialmente no que diz respeito à equidade de gênero e raça.

De acordo com os dados do Mapa da Desigualdade Eleitoral Municipal, elaborado pela gerente de Business Intelligence do RenovaBR, Eloá Monsores, as eleições municipais de 2024 mostram que, embora haja avanços, a representatividade no Congresso Municipal ainda está longe de refletir a diversidade da população brasileira.

Cenário Atual: Mulheres e Diversidade Racial

Em 2024, apenas 18% das cadeiras legislativas municipais foram ocupadas por mulheres, um crescimento de apenas dois pontos percentuais em relação a 2020. Entre as mulheres negras, a sub-representação é ainda mais pronunciada.

Apenas 1% das cadeiras foram ocupadas por mulheres pretas, e 6% por mulheres pardas, números que contrastam fortemente com a composição populacional, onde 28% da população é negra.

Esses dados foram obtidos a partir de informações consolidadas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e revelam os avanços limitados e os obstáculos persistentes na construção de uma política mais inclusiva. O estudo destaca tendências e padrões que evidenciam as barreiras que ainda dificultam o acesso de grupos diversos às posições de poder político.

Desafios no Executivo: A Baixa Representatividade Feminina

No cenário executivo, o quadro é igualmente desafiador. Em 2024, apenas 732 municípios, o que representa 13% do total, elegeram prefeitas.

Embora esse número represente um aumento de 5% em relação a 2020 e 10% em comparação a 2016, a realidade ainda é de que, a cada dez cidades brasileiras, nove são governadas por homens. Esse desequilíbrio também se reflete nos cargos de vice-prefeitura, nos quais as mulheres ocupam apenas 2 de cada 10 postos.

Políticas Afirmativas e Desafios Institucionais

Embora existam políticas afirmativas, como a reserva de 30% das candidaturas proporcionais para mulheres e a obrigatoriedade de destinação de recursos para suas campanhas, a implementação dessas medidas enfrenta dificuldades.

Muitas vezes, as candidaturas femininas são fictícias, criadas apenas para cumprir as cotas eleitorais, enquanto os recursos de campanha acabam concentrados em poucas lideranças, deixando a grande maioria das candidatas sem o apoio necessário para competir em igualdade de condições.

Formação Política como Fator Transformador

Para Bruna Barros, diretora-executiva do RenovaBR, a formação política é crucial para mudar esse cenário. “Preparar mulheres para disputar eleições e ocupar espaços de poder é fundamental para transformar a democracia brasileira”, afirmou.

Ela também destacou o papel do RenovaBR na capacitação de novas lideranças, oferecendo o conhecimento técnico, segurança e rede de apoio necessários para que essas mulheres não só concorram, mas também governem de forma eficaz.

A falta de representatividade no campo político reflete um desafio estrutural que o Brasil ainda precisa enfrentar, mas iniciativas como a do RenovaBR buscam, passo a passo, construir um caminho mais igualitário para as futuras gerações de líderes brasileiras.

Sair da versão mobile