A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) sua argumentação em relação à ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. Os advogados solicitaram a absolvição sumária de Cid e mencionaram a inclusão de nove testemunhas, todas do meio militar, entre elas generais que comandaram o Exército durante os governos de Bolsonaro e do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Dentre as testemunhas indicadas está o general Júlio Cesar de Arruda, que se tornou o primeiro comandante do Exército sob a gestão de Lula e foi demitido em apenas 21 dias. Sua saída se deve, em parte, à resistência em anular a nomeação de Cid para liderar uma unidade de elite em Goiânia, decisão que foi posteriormente revertida pelo atual comandante do Exército, general Tomás Paiva.
Além de Arruda, o general Marco Antônio Freire Gomes, que esteve à frente do Exército no final do governo Bolsonaro, também foi escolhido como testemunha pela defesa.
Em agosto, a Primeira Turma do STF acolheu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Cid e mais sete envolvidos, incluindo Bolsonaro, definindo-os como réus e dando seguimento à ação penal.
A defesa de Cid argumenta que ele agiu estritamente em cumprimento de suas funções institucionais como assessor de Bolsonaro. Os advogados ressaltam a ausência de provas concretas que justifiquem a continuidade do processo, defendendo o arquivamento das acusações sem necessidade de julgamento.
Embora Cid tenha assinado um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, ele foi formalmente denunciado pela PGR. O acordo, se homologado e cumprido, pode resultar em uma redução de pena ao final do processo, mas não impede que ele enfrente as acusações.
A escolha de altos oficiais como testemunhas sugere uma estratégia da defesa que busca reforçar a alegação de que Cid atuava sob ordens superiores, sem envolvimento nas articulações que culminaram nos atos golpistas de 8 de janeiro.