Termina nesta quinta-feira prazo para Bolsonaro e aliados se defenderem de denúncia sobre “tentativa de golpe”

O prazo para Bolsonaro e aliados apresentarem defesa na denúncia sobre "tentativa de golpe" termina nesta quinta. Saiba o que pode acontecer nos próximos dias.

inquérito de golpe d estado - foto: jair bolsonaro

Bolsonaro fala com jornalistas no aeroporto de Brasília 25/11/2024 REUTERS/Adriano Machado

Encerra-se nesta quinta-feira, 6 de março de 2025, o prazo determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 33 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentem suas defesas no âmbito do Inquérito nº 4.921. O processo investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito naquele pleito. A denúncia, protocolada em 18 de fevereiro de 2025 pelo procurador-geral Paulo Gonet, acusa Bolsonaro de liderar uma organização criminosa voltada à abolição do Estado Democrático de Direito.

O inquérito, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, foi concluído pela Polícia Federal (PF) em 21 de novembro de 2024, com o indiciamento inicial de 37 pessoas. A PGR, ao analisar o relatório de 884 páginas, optou por denunciar 34 indivíduos, excluindo três por insuficiência de provas. O documento está disponível na íntegra no site do STF (acesse aqui). Entre os crimes imputados estão abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Se condenados, as penas podem ultrapassar 28 anos de prisão para Bolsonaro, conforme o Código Penal.

A investigação teve início após os atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. A PF reuniu evidências como a minuta de um decreto golpista, apreendida na sede do PL, e a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que revelou reuniões e articulações entre os acusados. O relatório aponta que Bolsonaro teria coordenado ações desde 2018 para desacreditar o sistema eleitoral, incluindo operações da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno de 2022 e encontros com militares para planejar medidas de exceção.

Lista de denunciados pela PGR

Abaixo, os 34 nomes incluídos na denúncia da PGR, conforme o relatório do Inquérito nº 4.921:

  1. Jair Messias Bolsonaro
  2. Walter Souza Braga Netto
  3. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
  4. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  5. Anderson Gustavo Torres
  6. Valdemar Costa Neto
  7. Mauro Cesar Barbosa Cid
  8. Almir Garnier Santos
  9. Ailton Gonçalves Barros
  10. Alexandre Ramagem Rodrigues
  11. Amauri Feres Saad
  12. Ângelo Martins Denicoli
  13. Bernardo Romão Corrêa Netto
  14. Carlos Giovani Delevati Pasini
  15. Carlos José Fernandes da Rocha
  16. Cássio de Andrade Araújo
  17. Décio da Silva Santos
  18. Ederaldo de Almeida Lima
  19. Eduardo de Oliveira e Silva
  20. Fábio Augusto Vieira
  21. Fernando Cerimedo
  22. Filipe Martins Garcia
  23. Giancarlo Gomes Rodrigues
  24. Guilherme Marques Almeida
  25. Helio Ferreira Lopes
  26. Jefferson Guedes dos Santos
  27. José Matheus Sales Gomes
  28. Laercio Virgilio
  29. Marcelo Costa Câmara
  30. Mario Luiz Fernandes
  31. Rafael Martins de Oliveira
  32. Roberto Pereira Ramos
  33. Ronald Ferreira de Araújo Junior
  34. Tércio Arnaud Thomaz

A defesa de Bolsonaro tem até o fim desta quinta-feira para protocolar sua resposta. Em nota divulgada em 18 de fevereiro de 2025, os advogados do ex-presidente chamaram a denúncia de “inepta” e declararam: “Não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais.” Na mesma data, Bolsonaro afirmou a jornalistas: “Não tenho nenhuma preocupação quanto às acusações, zero. Que golpe é esse? Vocês já viram a minuta de golpe? Eu também não vi.”

Aliados do ex-presidente no Congresso, como o deputado Zucco (PL-RS), que reuniu cerca de 30 parlamentares em 19 de fevereiro para discutir estratégias, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que criticou o STF, defendem iniciativas como a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e alterações na Lei da Ficha Limpa. Flávio declarou: “A tentativa de golpe nos prédios públicos vazios virou uma denúncia vazia, que não tem absolutamente nenhuma prova contra Bolsonaro.”

Após o recebimento das defesas, a Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros, decidirá se aceita a denúncia, iniciando uma ação penal. O julgamento final, que pode ocorrer ainda em 2025, dependerá do andamento do processo e do recesso judiciário, de 19 de dezembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026.

Veja abaixo o inquérito nº 4.921 completo em quatro partes:

Primeira parte:

Parte 02:

Terceira parte:

Parte final:

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