Um crescente atrito geopolítico entre Estados Unidos e Irã tem revelado divergências marcantes entre líderes globais.
Enquanto países europeus continuam com esforços diplomáticos, o presidente Donald Trump sinaliza possibilidade de ação militar, gerando apreensão nos mercados e alterando o perfil de ativos considerados seguros.
Dólar perde posição de porto seguro
Normalmente beneficiada em momentos de crise, a moeda americana não registrou valorização significativa, dando espaço ao ouro como principal ativo de resguardo.
Especialistas atribuem isso à perda de confiança na liderança dos EUA, em parte devido ao comportamento político instável associado a Trump.
— “Se Trump avançar com uma ação militar, pode haver reação imediata no dólar. Mas a confiança no longo prazo já foi abalada”, avalia Volnei Eyng, da gestora Multiplike.
Mudança histórica na percepção de risco
Sidney Lima, estrategista de investimentos, destaca que o cenário atual reflete uma revalorização dos riscos não apenas geopolíticos, mas também relacionados à credibilidade das grandes potências.
— “A hesitação em recorrer ao dólar reflete o desgaste da confiança global nos EUA, seja pelo risco fiscal, polarização interna ou política externa errática”.
Consequências para portfólios conservadores
A resiliência enfraquecida do dólar coloca pressão sobre ativos tradicionais.
— “A perda parcial dessa função de porto seguro agrava a volatilidade e desafia a alocação conservadora de portfólios globais”, alerta Carlos Monteiro, da Studio. Ele reforça que commodities, juros e moedas emergentes deverão sofrer efeitos mais erráticos.
Setores e estratégias em foco
Em meio à instabilidade, crescem as apostas em setores considerados resilientes, como infraestrutura, energia e tecnologias de eficiência. Investidores também se voltam ao crédito estruturado e ativos reais com garantias.
— Segundo Felipe Vasconcellos, da Equus Capital, e Gustavo Assis, do Asset Bank, essas apostas devem ganhar tração em portfólios com foco em longo prazo.
Oportunidades em ativos estressados
A volatilidade também gera espaço para reestruturações: empresas com dívidas excessivas ou mal posicionadas podem se tornar oportunidades para aquisição ou recuperação.
— “Em momentos de transição global, quem tem capital e estratégia transforma risco em oportunidade”, ressalta André Matos, da MA7.
Adaptação empresarial diante da volatilidade
Empresários estão sendo desafiados a diversificar receitas, repensar a gestão de caixa e se preparar para múltiplos cenários, conforme apontam João Kepler e Theo Braga, líderes do ambiente empreendedor.
— “Líderes devem navegar por cenários voláteis com leitura rápida de riscos”, enfatiza Braga.
Real estate como proteção patrimonial
No segmento imobiliário, a estabilidade do mercado de consórcios e crédito imobiliário ganha força como alternativa conservadora frente à incerteza do dólar, conforme avalia Pedro Ros, da Referência Capital.
— “A evolução do conflito reforça a atratividade de ativos reais, como imóveis, historicamente seguros e capazes de preservar o valor”.