O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2,4% no ano que vem, projeta o relatório Economia Brasileira 2024-2025, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta terça-feira (17). Para 2024, a CNI subiu para 3,5% a expectativa de alta do PIB, mais do que o dobro em relação à estimativa anunciada no fim do ano passado.
Segundo a CNI, os fatores que impulsionaram o crescimento da economia em 2024 também vão influenciar o ritmo da atividade no ano que vem, embora com menos intensidade. O consumo, por exemplo, deve crescer 2,4% em 2025, quase metade do previsto para este ano. Os investimentos, por sua vez, tendem a subir 2,6%, ante os 7,3% em 2024.
A retomada do ciclo de alta da taxa Selic pelo Banco Central é um dos principais fatores para a desaceleração do crescimento, apesar de não ser o único. “A alta dos juros deve conter o consumo e os investimentos, devido à menor concessão de crédito; mas há outros fatores, como a evolução mais lenta do mercado de trabalho, depois de três anos bastante positivos; e a redução do impulso fiscal, ou seja, as compras dos governos federal, estaduais e municipais”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A CNI acredita que o Banco Central vai manter o ciclo de aperto monetário pelo menos até a metade do ano que vem, com redução a partir do segundo semestre. Projeta-se que a taxa Selic vai fechar 2025 em 12,75%, meio ponto percentual acima do patamar ao fim de 2024. Nesse cenário, as concessões de crédito devem crescer 7,1%, menos do que em 2023.
Devido à redução do crescimento da demanda interna, o documento mostra que a indústria deve crescer 2,1% no ano que vem. A indústria de transformação tende a subir 2%. Se a expectativa se confirmar, serão dois anos consecutivos de alta do setor, o que não ocorre desde o biênio 2017-2018.
Já os serviços devem aumentar 1,9%, enquanto a agropecuária deve se recuperar da queda prevista para 2024, crescendo 4,2% no ano que vem.
No que diz respeito ao setor externo, as importações devem seguir em alta em 2025, mas em ritmo bem mais lento ao de 2024, prevê a CNI, sobretudo pela desvalorização do real e crescimento menor do PIB. As exportações devem melhorar, entre outras coisas, por causa da recuperação da agropecuária.
Consumo e investimentos explicam bom resultado do PIB de 2024
Para 2024, a CNI revisou de 3,4% para 3,5% a expectativa de crescimento do PIB. No Economia Brasileira 2023-2024, previa-se alta de 1,7% da atividade econômica. Entre os indicadores que contribuíram para o resultado surpreendente estão o desempenho positivo do mercado de trabalho, que deve superar 1,5 milhão de novas vagas formais; a expansão fiscal; e o aumento significativo das concessões de crédito, que tende a ser 10% maior do que em 2023.
Esses fatores impulsionaram o consumo, cuja alta prevista para 2024 é de 4,6%; e os investimentos, que devem subir 7,3%, com destaque para a compra de máquinas e equipamentos. Caso as projeções da CNI se concretizem, a taxa de investimentos vai passar de 16,4% para 17,3%.
De acordo com o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Lucchesi, todos esses fatores explicam por que a composição do crescimento da economia em 2024 é melhor que a observada em 2022 e 2023, anos em que o PIB também subiu acima de 3%.
“No ano passado, o crescimento foi muito puxado pelas exportações, devido a uma safra recorde e a um bom desempenho da pecuária. Não foi um crescimento muito equilibrado. Já neste ano, o crescimento é puxado por fatores internos, com alta significativa da demanda, e todos os segmentos da indústria e o setor de serviços crescendo. É preciso chamar a atenção para o crescimento da indústria da transformação, que paga melhores salários, investe mais em inovação, e causa mais demanda em outros setores; e para os investimentos, que criam a base para que a economia continue crescendo”, pontua Lucchesi.
Segundo a CNI, a indústria deve crescer 3,3% este ano. A exemplo do PIB, a indústria de transformação deve subir 3,5%. Na última projeção do ano passado, a CNI apostava em alta de apenas 0,3% para a indústria de transformação.
Os serviços, por sua vez, devem crescer 3,7%. A alta do PIB só não será maior por causa da agropecuária, setor que deve recuar 2,7% devido a quebras em safras de grãos, principalmente por causa de fatores climáticos, como excesso de chuvas ou estiagem.
Apesar do câmbio desfavorável, as importações devem registrar alta de 10,6% em 2024, na comparação com o ano passado, projeta a CNI. O resultado contrasta com a perspectiva de crescimento de apenas 0,8% nas exportações, o que vai diminuir o saldo da balança comercial brasileira.
Inflação deve diminuir em 2025
A CNI lembra que a inflação se tornou menos favorável ao longo do ano, principalmente a partir do segundo trimestre. Pressionado pela alta no preço dos alimentos e da energia, bem como pela desvalorização do real, em parte por conta das incertezas fiscais, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em 4,8%, 0,3 ponto percentual acima do teto da meta, que é de 4,5%.
Para o ano que vem, a CNI calcula que a inflação vai baixar para 4,2%, desacelerando frente a 2024. Esse movimento é explicado pelo menor crescimento do PIB, ritmo mais lento do mercado de trabalho, intensificação do aperto monetário, redução do impulso fiscal e menor pressão sobre o preço dos alimentos e da energia.