Pois é, em 2025 essa máxima nunca foi tão verdadeira. Vemos gigantes como Ambev e Magalu revisando estratégias, auditorias e reguladores ainda questionados pela sua efetividade, bancos internacionais enfrentando turbulências, a Selic resistindo em patamares elevados — mesmo após cortes graduais — e a inflação rondando os lares brasileiros. O “boleto” das políticas de afrouxamento monetário do passado chegou para todos.
Capital caro e realidade do “risk free”
Não existe dinheiro barato o tempo todo. O capital volta a ter sua preferência histórica: ser rentista no modelo risk free, alocado em títulos públicos — NTN no Brasil, Treasuries nos Estados Unidos.
Para superar esse custo de oportunidade, o empresário precisa justificar claramente ao credor a razão da alocação de capital, de forma que o serviço da dívida caiba no fluxo de caixa e ainda gere benefícios para o negócio.
Exceto em setores como o de Tecnologia e software, em que escala e margens se expandem mais facilmente, a maioria das empresas brasileiras depende de capital de giro e investimentos para crescer. E é justamente nesse ponto que muitos descobrem que lucro e caixa se encontram algumas vezes, mas nem sempre.
Lucro x geração de caixa
A geração de caixa resulta da combinação de lucro, variação de capital de giro, investimentos, distribuição de dividendos, captações e amortizações. Esse balanço, no agregado, pode ou não convergir com o lucro contábil.
Por isso, é fundamental que empresas realizem rotineiramente projeções de fluxo de caixa. A tarefa está longe de trivial. Em setores como construção civil, por exemplo, exige considerar ciclos longos de vendas, inflação dos insumos, repasses de bancos públicos, atrasos contratuais e até fatores climáticos.
A saída é trabalhar com modelagens que contemplem cenários romântico, conservador e estressado, de modo a construir uma “nuvem” de possibilidades mais próxima da realidade.
Governança e relação com o mercado financeiro
Com margens operacionais pressionadas, contar com uma equipe sênior e transparente no diálogo com bancos e gestores de fundos da Faria Lima e do Leblon fará diferença.
As operações não serão baratas, e o mercado exigirá níveis crescentes de governança corporativa. Muitas empresas ainda não alcançaram esse patamar, mas o caminho é menos complexo do que parece: passa por investir em pessoas experientes, sistemas robustos, disciplina financeira e honestidade com a realidade das margens.
Mar difícil faz o marinheiro forte. Se empresas globais de tecnologia cortaram custos, revisaram estruturas e buscaram eficiência para crescer, os empresários brasileiros também devem fazer o mesmo.
O olhar para 2025
Este é o momento de olhar para cada centavo, cuidar do departamento financeiro e entender que nada é permanente: nem a Selic de ontem, nem a de hoje. A disciplina no caixa continua sendo a maior verdade do mundo empresarial.