A força da terceira geração nas empresas familiares

Convivência entre gerações se torna fator estratégico para crescimento e sustentabilidade dos negócios no Brasil

A força da terceira geração nas empresas familiares Empresa familiares

Foto: Reprodução/ Divulgação

A sucessão nas empresas familiares brasileiras tem se consolidado como um dos principais desafios e, ao mesmo tempo, como uma oportunidade de fortalecimento diante de um mercado cada vez mais competitivo.

A convivência entre diferentes gerações permite equilibrar a tradição dos fundadores com a inovação dos herdeiros, resultando em estratégias que unem experiência, Tecnologia e novos modelos de gestão.

Agilidade e adaptação

Estudos apontam que organizações familiares bem estruturadas apresentam maior agilidade na adaptação às mudanças do que empresas de outros perfis. Esse diferencial se torna mais evidente quando o processo sucessório é planejado e acompanhado por práticas de governança.

Segundo Thiago Maschietto, representante da terceira geração da SBS Green Seeds e Semembrás, a chave está em transformar legado em estratégia de crescimento.

Ele destaca que a profissionalização, o posicionamento estratégico e a ampliação da escala comercial foram pilares para sustentar a transição de comando.

O desafio das diferenças geracionais

Para Alexandre Chaves, sócio da Auddas, o desafio é transformar diferenças em complementaridade. “Cada geração tem repertórios distintos de valores e métodos. O equilíbrio depende da criação de espaços de diálogo que permitam a construção conjunta do futuro do negócio”, afirma.

Especialistas ressaltam que a chamada “terceira geração” é considerada o maior teste de sobrevivência das empresas familiares. Rogério Vargas, também sócio da Auddas, destaca a importância de distinguir herdeiros de sucessores e alerta para os riscos da falta de planejamento.

“Sem estrutura, o patrimônio pode se transformar em fonte de conflitos. Conselhos familiares com papéis definidos ajudam a sustentar valor e resultados no longo prazo”, explica.

Impacto além do patrimônio

O advogado Diego Billi Falcão, fundador da Governança Agro, lembra que a continuidade não se restringe à preservação patrimonial, mas envolve toda a rede de pessoas que depende do negócio.

Para ele, a legitimidade do processo sucessório depende da escuta ativa e do respeito a todos os envolvidos.

O cenário atual, marcado pelo aumento da expectativa de vida, amplia a complexidade da gestão. Em muitos casos, três ou quatro gerações convivem simultaneamente no mesmo negócio.

“Quando bem administrados, esses encontros geracionais se transformam em vantagem competitiva; quando negligenciados, podem gerar ciclos de conflito e perda de valor”, acrescenta Falcão.

Governança como ferramenta de equilíbrio

A executiva Mariana Moura, conselheira da Baterias Moura, ressalta que a tensão entre tradição e inovação pode ser positiva quando acompanhada de governança.

“Estruturamos programas de desenvolvimento de acionistas e alinhamos propósitos entre a terceira geração, fortalecendo também a agenda de sustentabilidade. O atrito saudável entre visões distintas move a empresa sem romper com sua identidade”, afirma.

O futuro da sucessão familiar

O retrato que se desenha é o de empresas que buscam transformar potenciais conflitos em aprendizado coletivo. Ao combinar legado e inovação, a gestão intergeracional não apenas garante a continuidade dos negócios, mas também amplia sua relevância no mercado.

Como resume Falcão: “Quando a empresa familiar alcança a terceira geração, o planejamento deixa de ser opção e se torna um dever. A clareza das regras e a integração de valores determinam se o legado será fortalecido ou fragmentado”.

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