Crescimento do empreendedorismo no Brasil exige nova mentalidade financeira

Especialista tira dúvidas sobre pró-labore, aposentadoria e reserva de emergência para quem empreende

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Foto: Reprodução/ Freepik

O início de maio foi marcado pelo feriado do Dia do Trabalho, momento de reflexão não apenas para os trabalhadores formais, mas também para os que decidiram seguir o caminho do empreendedorismo.

Sem os benefícios tradicionais garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias remuneradas, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 13º salário, muitos brasileiros têm enfrentado novos desafios ao abrir o próprio negócio.

Abertura de Pequenos negócios segue em alta

Segundo dados do Sebrae, o Brasil registrou a abertura de 2,8 milhões de pequenos negócios em 2024, sendo a maioria composta por microempreendedores individuais (MEIs).

O setor de serviços lidera as estatísticas, com cerca de 61% das novas empresas abertas nos primeiros oito meses do ano — aproximadamente 1,7 milhão. Em seguida, aparecem o comércio (25,6%), a indústria (7,9%), a construção civil (7%) e a agropecuária (0,7%).

Especialistas apontam que esse crescimento reflete uma transformação no mercado de trabalho, com o empreendedorismo assumindo um papel cada vez mais central na economia. Para Rafael Caribé, especialista em contabilidade e gestão de pequenos negócios, esse movimento altera as dinâmicas tradicionais das relações laborais.

“Quando mais pessoas abrem seus próprios negócios, elas também começam a gerar novas oportunidades de emprego, o que movimenta a economia em diferentes níveis”, afirma.

Desafios exigem reorganização financeira

No entanto, Caribé ressalta que a transição do emprego formal para o empreendedorismo exige uma reorganização pessoal e financeira. A ausência de benefícios automáticos obriga os novos empresários a assumirem responsabilidades antes delegadas ao empregador.

Pró-labore: remuneração mínima e contribuição ao INSS

Entre as principais mudanças está a definição do pró-labore, que corresponde à remuneração dos sócios que atuam na administração da empresa. Embora a legislação não estipule um valor fixo, ele não pode ser inferior ao salário mínimo — atualmente em R$ 1.518,00.

É sobre esse valor que incidem as contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que garantem acesso a benefícios como aposentadoria e auxílio-doença.

Outro ponto de atenção é a formação de uma reserva de emergência. Para trabalhadores autônomos ou empresários, a recomendação é que o montante cubra de seis meses a um ano de despesas. A aplicação desses recursos deve priorizar opções de baixo risco e alta liquidez, como o Tesouro Selic ou contas remuneradas, garantindo acesso rápido ao valor em caso de necessidade.

Planejamento de longo prazo inclui aposentadoria e férias

A preparação para o futuro também envolve planejamento para aposentadoria e descanso anual. Além da contribuição ao INSS, especialistas recomendam o investimento em previdência privada e a criação de um fundo específico para férias.

O orçamento mensal deve incluir esses compromissos, com metas claras e investimentos adaptados ao perfil de risco do empreendedor.

Para Caribé, a mudança estrutural no mercado de trabalho precisa ser acompanhada de uma nova mentalidade. “Planejamento e disciplina são indispensáveis. Eles garantem que o empreendedor não apenas mantenha seu negócio, mas também assegure estabilidade financeira pessoal no longo prazo”, conclui.

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