Nesta terça (4), o governo dos Estados Unidos oficializou a implementação de tarifas de até 25% sobre produtos importados do Canadá e México, além de elevar as taxas sobre produtos da China para 20%. Em reação, a China anunciou tarifas adicionais entre 10% e 15% sobre uma série de produtos agrícolas dos EUA.
Com essa nova rodada de tarifas, o governo americano mira cerca de US$ 918 bilhões em importações, abrangendo setores estratégicos como automotivo, energia e agroindustrial, que são fundamentais para a economia norte-americana.
Já com essa resposta da China, itens como soja, milho, trigo, carne suína e frutas estão entre os principais alvos, afetando um volume estimado de US$ 21 bilhões em exportações americanas.
Além das tarifas, Pequim também impôs restrições a 25 empresas norte-americanas, citando razões de segurança nacional. Algumas dessas empresas foram incluídas em uma lista de entidades não confiáveis, especialmente aquelas envolvidas na venda de armas para Taiwan, um tema sensível para o governo chinês.
Impactos no setor automotivo e agrícola
As tarifas sobre produtos canadenses e mexicanos representam um golpe significativo para a economia norte-americana, especialmente para indústrias que dependem de cadeias produtivas integradas entre os três países.
O setor automotivo, por exemplo, pode enfrentar aumentos expressivos de custos de produção, uma vez que peças e componentes cruzam diversas vezes as fronteiras antes de se tornarem um veículo completo.

Já o agronegócio americano, que é altamente dependente da demanda chinesa, enfrenta perdas bilionárias, já que a China historicamente é um dos maiores compradores de produtos agrícolas dos EUA. Com as novas tarifas, os agricultores americanos podem perder ainda mais mercado para países concorrentes, como o Brasil, que já se beneficia das tensões comerciais entre as duas potências.
Temores de recessão e impactos globais
A Câmara de Comércio Canadense e líderes empresariais alertaram que as novas tarifas podem desencadear uma recessão tanto nos EUA quanto no Canadá, além de provocar a perda de milhares de empregos. A interrupção das cadeias de suprimento regionais e o aumento nos custos de insumos e produtos finais podem pressionar ainda mais os preços, em um momento em que a inflação já preocupa economistas.
Nos EUA, dados recentes mostram que os preços ao produtor atingiram os níveis mais altos em quase três anos, indicando que a nova rodada de tarifas pode gerar efeitos inflacionários ainda mais fortes, prejudicando o poder de compra das famílias americanas.
Principais produtos afetados pelas novas tarifas e retaliações
Origem | Produtos afetados | Tarifa aplicada |
---|---|---|
China | Smartphones, laptops, videogames, smartwatches, alto-falantes | 20% |
China | Soja, carne suína, trigo, milho, frutas, laticínios | 10% a 15% |
Canadá | Automóveis, aço, produtos agrícolas | 25% |
México | Produtos automotivos, alimentos, bebidas | 25% |
EUA (retaliação chinesa) | Fibra óptica, madeira serrada, produtos agrícolas | Restrição e suspensão de licenças |
O futuro das relações comerciais entre EUA e China
Analistas destacam que, apesar da escalada, a China ainda evita aumentar suas tarifas para níveis superiores a 20%, sinalizando que Pequim pode estar deixando espaço para negociações.
Com o comércio global cada vez mais interligado, essa nova rodada de tensões entre as duas maiores economias do mundo tem potencial para impactar mercados emergentes e países exportadores de commodities, aprofundando os riscos de uma desaceleração econômica global.
As tarifas de Trump sobre China, Canadá e México, somadas às duras respostas de seus parceiros comerciais, não apenas aumentam o custo de vida e pressionam a inflação, como também colocam em xeque a estabilidade da Economia global. Com setores estratégicos como o automotivo e o agronegócio no centro desse embate, os próximos meses serão decisivos para entender se essa disputa se transformará em uma recessão de fato ou se ainda há espaço para diálogo e renegociação.
Fonte: AP News