Mesmo diante da taxa básica de juros em patamar elevado — com a Selic fixada em 15% —, o mercado imobiliário brasileiro segue aquecido. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revelam que o setor registrou um crescimento de 15,7% nas vendas de imóveis residenciais no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando mais de 102 mil unidades comercializadas.
O bom desempenho do setor tem refletido diretamente no mercado de consórcios. De acordo com a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC), entre janeiro e maio deste ano, as vendas de consórcios de imóveis apresentaram alta de 44,7% em relação ao mesmo intervalo de 2024, com mais de R$ 98 bilhões em créditos negociados.
Entre os principais atrativos apontados por especialistas para o aumento da procura pela modalidade estão o custo mais acessível das parcelas, a ausência de juros e a flexibilidade no planejamento da aquisição.
Consórcio como alternativa de financiamento
De acordo com José Climério Silva Souza, diretor executivo do Consórcio Nacional Bancorbrás, o consórcio permite ao participante ser contemplado por sorteio ou por meio de lances, com a possibilidade de utilizar parte da própria carta de crédito na oferta.
A prestação mensal inclui a contribuição ao fundo comum — usado para a aquisição do bem ou serviço —, além da taxa de administração e do fundo de reserva.
A carta de crédito pode ser utilizada não apenas para compra de imóveis prontos, mas também para construção, reforma ou até mesmo para quitar financiamentos imobiliários em andamento.
Uso do FGTS amplia acessibilidade
Outro fator que tem favorecido a adesão ao consórcio de imóveis é a possibilidade de utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os recursos podem ser usados para ofertar lances, abater o saldo devedor ou quitar parcelas em aberto.
Segundo levantamento da ABAC, com dados do Gepas/CAIXA, entre janeiro e abril deste ano, os consorciados utilizaram cerca de R$ 123,41 milhões do FGTS nos grupos de imóveis.
Especialistas apontam que o consórcio tem se consolidado como uma opção de investimento planejado, especialmente em um cenário de juros altos e maior cautela financeira.
O modelo permite ao consumidor se organizar com mais previsibilidade e evitar o comprometimento excessivo do Orçamento familiar com encargos de financiamento.