Diante da atual desaceleração econômica e da alta da taxa de juros básica (Selic), a recuperação extrajudicial surge como uma alternativa estratégica para empresas que enfrentam dificuldades financeiras, mas ainda possuem capacidade para reestruturar suas dívidas.
Embora prevista na legislação brasileira há 20 anos, essa modalidade tem se destacado como uma solução viável para negociações fora do âmbito judicial, evitando processos litigiosos e custos elevados.
Recuperação Extrajudicial: Flexibilidade e Menor Custo
De acordo com Fabiana Balducci, responsável pela área de reestruturação do banco de investimentos BR Partners, a recuperação extrajudicial, quando realizada no momento certo, oferece flexibilidade e um custo menor se comparado à recuperação judicial.
“Esse mecanismo tem ganhado força por permitir uma negociação mais ágil, preservando as operações essenciais das empresas”, afirma.
A recuperação extrajudicial se tornou ainda mais atraente com as recentes mudanças na lei de falências, que facilitaram o processo de reestruturação. Uma das alterações permite que o quórum necessário para aprovação de um plano de recuperação seja mais acessível, com a necessidade de mais da metade do valor dos créditos e a maioria numérica dos credores presentes.
Aumento de Pedidos de Recuperação Extrajudicial
Um levantamento recente do Observatório Brasileiro de Recuperação Extrajudicial (Obre) revelou que o volume de dívidas relacionadas à recuperação extrajudicial alcançou R$ 2,5 bilhões em 2025, um crescimento considerável em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em fevereiro de 2025, foram registrados três novos pedidos de recuperação extrajudicial, totalizando seis casos no ano, um aumento substancial em comparação com os 202 casos desde a criação do órgão, em janeiro de 2022.
Esse aumento na busca por recuperação extrajudicial reflete a crescente conscientização das empresas sobre a importância de negociar suas dívidas de forma mais flexível e menos onerosa.
Quando Optar pela Recuperação Extrajudicial?
Fabiana Balducci ressalta que a recuperação extrajudicial é indicada para empresas que ainda não estão enfrentando bloqueios em contas bancárias ou um grande número de execuções.
“Se a empresa ainda está em um estágio saudável, mas apresenta atrasos pontuais, é o momento certo para buscar negociação com os principais credores”, afirma.
Esse processo evita a judicialização, o que pode ocorrer em uma recuperação judicial, onde a empresa acaba sendo forçada a negociar com os credores sem o seu consentimento.
Principais Benefícios da Recuperação Extrajudicial
- Flexibilidade: Permite reestruturar apenas as dívidas necessárias, sem comprometer a relação com fornecedores e funcionários.
- Menor custo e tempo de processamento: O processo de negociação é mais rápido e menos dispendioso do que a recuperação judicial.
- Redução de conflitos: Ao evitar litígios prolongados, a recuperação extrajudicial diminui os riscos de disputas judiciais.
- Maior proteção: As empresas podem solicitar uma medida cautelar que garante até 60 dias de proteção para negociar com os credores antes de protocolar oficialmente o plano.
A recuperação extrajudicial, portanto, tem se mostrado uma ferramenta eficaz para empresas que buscam reorganizar suas finanças de maneira mais eficiente, sem os custos elevados e a complexidade da recuperação judicial.
Em um cenário de incertezas econômicas, essa modalidade oferece uma chance para empresas superarem crises financeiras e retornarem ao crescimento.