PIB do Brasil sobe e país cai para 10ª economia mundial

Mesmo com bom desempenho econômico, alta da inflação e perda de poder de compra afetam percepção da população

PIB do Brasil

Reprodução/Freepik

O PIB do Brasil 2024 registrou crescimento de 3,4%, consolidando o país como uma das economias de maior expansão entre as 35 principais nações do mundo. Esse avanço foi puxado principalmente pelo setor de serviços e pela indústria, que compensaram a retração da agropecuária.

O resultado coloca o Brasil na 5ª posição global em crescimento econômico, ficando atrás apenas de China, Costa Rica, Rússia e Dinamarca. Mesmo com essa performance positiva, a economia brasileira enfrenta desafios importantes, como a alta da inflação e a desvalorização do real, que prejudicaram a percepção da população sobre o desempenho do governo.

Setores que impulsionaram o crescimento do PIB do Brasil

Destaques do setor de serviços e da indústria

O setor de serviços avançou 3,7%, com destaque para áreas como informação e comunicação, que cresceram 6,2%, e outras atividades de serviços, que tiveram alta de 5,3%. O comércio também teve desempenho positivo, com crescimento de 3,8%.

Na indústria, a construção civil foi a atividade com maior avanço, registrando alta de 4,3%, impulsionada pelo aumento da ocupação no setor e pela expansão do crédito para o segmento. A produção de eletricidade, gás, água e saneamento também contribuiu, crescendo 3,6%.

PIB do Brasil
PIB do Brasil sobe, mas posição do país na economia mundial cai (Imagem: Mateus Andre/Freepik)

Agropecuária em retração

Em contraste, a agropecuária apresentou queda de 3,2%, prejudicada por eventos climáticos extremos que afetaram culturas importantes, como soja e milho, que tiveram quedas de 4,6% e 12,5%, respectivamente.

Consumo das famílias e investimentos

Aumento no consumo, mas com sinais de desaceleração

O consumo das famílias avançou 4,8% em relação a 2023, impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido e pelos programas de transferência de renda. Entretanto, no último trimestre de 2024, houve queda de 1%, reflexo da inflação de alimentos e da alta dos juros.

Investimentos em alta

Os investimentos produtivos cresceram 7,3% no ano, com destaque para a compra de máquinas e equipamentos, indicando uma preparação para expansão futura da capacidade produtiva. A taxa de investimento atingiu 17% do PIB, superando os 16,4% registrados em 2023.

Desafios para 2025 e projeções

Apesar do crescimento expressivo em 2024, a economia brasileira encerrou o ano mostrando sinais de desaceleração. No quarto trimestre, o PIB cresceu apenas 0,2% em comparação ao trimestre anterior. O cenário é influenciado pela alta dos juros iniciada em setembro, que reduziu o ritmo de consumo e investimento.

Além disso, a desvalorização do real, que perdeu cerca de 27% de seu valor em 2024, também pesou sobre o desempenho brasileiro no ranking global. Com isso, o Brasil caiu para a 10ª posição entre as maiores economias do mundo, sendo superado novamente pelo Canadá.

Projeções para 2025

A expectativa para 2025 é de crescimento mais modesto, em torno de 2,2%, conforme estimativas de economistas. A manutenção de juros elevados, combinada com um cenário global de alta incerteza, deve limitar o avanço da economia nos próximos meses.

PIB do Brasil 2024 – principais indicadores

IndicadorValor 2024Variação (%)
PIB totalR$ 11,7 trilhões+3,4%
PIB per capitaR$ 55.247,45+3%
Consumo das famílias+4,8%
Taxa de investimento17% do PIB↑ (16,4% em 2023)
Inflação (IPCA)Acima da meta
Setor de serviços+3,7%
Setor industrial+3,3%
Agropecuária-3,2%

Inflação e percepção popular

Embora o PIB do Brasil em 2024 tenha apresentado um resultado superior às expectativas, a inflação de alimentos corroeu o poder de compra da população, especialmente entre famílias de renda mais baixa. Esse cenário explica, em parte, a queda na aprovação do governo, que enfrenta o pior índice de popularidade desde o início do atual mandato.

A combinação de inflação alta, aumento do endividamento e instabilidade cambial criou um ambiente de maior insatisfação, mesmo em meio à expansão econômica. Isso reflete uma nova dinâmica social, em que a população, especialmente a nova classe média, cobra não apenas crescimento econômico, mas melhorias concretas em serviços públicos e condições de vida.

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