A economia brasileira enfrenta um 2025 de expectativas moderadas, com crescimento projetado em 2,3% do PIB, segundo a mais recente análise da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda. Divulgado em 13 de fevereiro, o relatório “2024 em retrospectiva e o que esperar para 2025” revisou para baixo a estimativa anterior de 2,5%, refletindo o impacto de juros altos e uma desaceleração que já se manifesta desde o fim de 2024. Apesar do cenário positivo para a agropecuária, com previsão de safra recorde, os sinais de alerta vêm da inflação, que pode fechar o ano em 4,8%, acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central.
O documento, apresentado em Brasília por Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, aponta que o PIB de 2024 atingiu 3,5%, superando as projeções graças a um consumo robusto e à resiliência do mercado de trabalho. Para 2025, however, a política monetária contracionista, com a Selic em 12,25% (e possibilidade de novas altas), deve frear setores como indústria e serviços. “Estamos sentindo os efeitos defasados dos juros. A agropecuária vai compensar parte disso com um crescimento de dois dígitos no primeiro trimestre, mas o ritmo geral será mais lento”, afirmou Mello durante a coletiva.
A inflação é outro ponto de tensão. O IPCA projetado em 4,8% reflete a pressão de preços monitorados (como combustíveis e energia) e bens industriais, embora os alimentos possam dar um alívio com a queda esperada nos custos de arroz, feijão e carnes, impulsionada pela produção agrícola. “A safra forte ajuda, mas não resolve tudo. O câmbio, hoje em R$ 5,95, e o cenário externo seguem como riscos”, destacou Raquel Nadal, subsecretária de Política Macroeconômica.
No mercado de trabalho, a desaceleração já é visível. Após a taxa de desemprego atingir 7,6% em janeiro, a criação de vagas deve perder fôlego, impactando o consumo das famílias. “É um ano de ajustes. O crédito mais caro e menos estímulos fiscais pesam nas atividades cíclicas”, explicou Nadal. Enquanto isso, o setor externo enfrenta incertezas com as políticas protecionistas de Donald Trump nos EUA, mas o impacto nas exportações brasileiras, como aço e alumínio, deve ser limitado, segundo a SPE.
O governo mantém o discurso de otimismo contido. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, declarou hoje (3/3) em evento em São Paulo: “Estamos no caminho certo para a Sustentabilidade fiscal. O crescimento de 2,3% é sólido, mas exige vigilância”. Especialistas, porém, divergem. “É um número realista, mas a inflação acima da meta e os juros altos podem travar a recuperação”, avalia Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, em entrevista à CNN Brasil.
Para o brasileiro comum, o cenário mistura esperança e cautela. “Os preços no mercado ainda assustam, mas pelo menos a colheita boa pode aliviar o prato”, diz Ana Costa, dona de casa de 52 anos, em Recife. Quer saber mais? Confira o relatório completo no site oficial do Ministério da Fazenda.