A Páscoa, comemorada este ano em 20 de abril, continua sendo uma das datas mais aguardadas pelos brasileiros. Apesar do aumento no custo dos alimentos e de bens de consumo, a procura por manter as tradições típicas do período, como a troca de chocolates e almoços em família, permanece alta.
Contudo, o mercado de chocolates enfrenta um cenário desafiador. A principal causa é a valorização do cacau no mercado internacional, motivada por problemas climáticos que impactaram negativamente a produção nas principais regiões produtoras da África, responsáveis por cerca de 70% da oferta global do insumo.
Produção em queda e demanda interna elevada
No Brasil, a situação também é sensível. O país responde por aproximadamente 4% da produção global de cacau, mas a demanda doméstica supera a oferta. De acordo com dados do setor, o mercado brasileiro consome cerca de 300 mil toneladas de cacau por ano, enquanto a produção nacional gira em torno de 220 mil toneladas.
Como reflexo desse desequilíbrio, a produção de ovos de chocolate deve sofrer uma retração em 2025. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima a fabricação de cerca de 45 milhões de unidades, o que representa uma queda de 22,4% em relação ao ano anterior, quando foram produzidos 58 milhões de ovos.
Adaptação do varejo e mudança no perfil de consumo
Diante da escassez e da elevação dos preços, o varejo tem buscado alternativas para atender ao público durante o período pascal. Além dos chocolates tradicionais, muitas redes estão investindo em portfólios mais amplos, com produtos voltados à celebração da data de maneira mais diversificada. Entre os itens ofertados estão utensílios para mesa posta, brinquedos, eletrodomésticos e artigos de áudio e vídeo.
A estratégia visa oferecer opções que mantenham o espírito da Páscoa, mesmo com a limitação de estoques e o encarecimento de produtos tradicionais. O foco é atender diferentes perfis de consumidores, considerando tanto as restrições orçamentárias quanto o desejo de manter momentos de confraternização.
Digitalização e novas formas de consumo
Além da diversificação de produtos, o setor varejista também aposta em soluções digitais para melhorar a experiência do consumidor. Entre as estratégias adotadas estão a ampliação das formas de pagamento — como parcelamento em cartões, uso de PIX e opções de retirada rápida em lojas físicas — e campanhas online com foco em redes sociais e canais de venda virtuais.
Essas iniciativas reforçam uma tendência já observada nos últimos anos: a digitalização acelerada do varejo e o fortalecimento da experiência omnicanal, que permite ao consumidor transitar entre o ambiente online e físico com mais comodidade.