A reunião de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorre em Washington de 21 a 26 de abril, será marcada por tensões devido às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre parceiros comerciais dos Estados Unidos. O evento reunirá representantes de diversos países, parlamentares, economistas e membros da sociedade civil, gerando expectativa sobre a postura dos EUA e as reações das nações afetadas.
Segundo a professora de Economia Internacional da USP, Maria Antonieta Del Tedesco Lins, apesar da agenda já estar definida, essa reunião representa uma oportunidade crucial para discutir a nova realidade econômica global, resultado das taxas de importação escalonadas por Trump, que atingem até 245% nas transações comerciais com a China. O presidente norte-americano, em um movimento estratégico, anunciou uma pausa de 90 dias na aplicação de tarifas específicas, estabelecendo taxas de 10% para outros parceiros nesse intervalo.
A medida de Trump já impactou o comércio internacional e provocou revisões nas projeções do FMI, que indicam uma desaceleração da Economia global. Durante o discurso de abertura da reunião, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, ressaltou a expectativa de crescimento baixo, embora tenha afastado o risco imediato de uma recessão.
Preocupações e Expectativas
A desaceleração econômica é uma das principais preocupações do FMI, cuja função inclui prevenir crises financeiras e oferecer assistência a países em dificuldades, como ocorreu recentemente com a Argentina. Uma crise generalizada no comércio global poderia comprometer a capacidade da instituição de atender às demandas de todos os países afetados.
No encontro, o FMI deverá divulgar uma revisão das expectativas e previsões de crescimento econômico, tanto em nível global quanto para nações específicas, com especial atenção para a comparação dessas projeções com as estimativas oficiais de cada governo.
As discussões ainda englobarão temas críticos, como energia, endividamento, mudanças climáticas e a mobilização de capital para infraestrutura no G7. Embora a reunião não deva resultar em novas alianças imediatas, Lins afirma que ela é essencial para fomentar o diálogo entre as nações, o que pode levar à formação de novos acordos ao longo do tempo.
Para Lins, esse espaço de diálogo é fundamental, permitindo que países se posicionem em relação às políticas tarifárias de Trump, sob a atenção de uma audiência global. No entanto, a dinâmica interna entre os participantes pode controlar a criticidade das intervenções, uma vez que os Estados Unidos são os principais financiadores do FMI. Odilon Guedes, presidente do Corecon-SP, destaca que todos estarão cautelosos, com críticas sendo feitas, mas de forma a não expor descontentamento excessivo.