Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE, apontam que 51,7% dos domicílios brasileiros — o equivalente a cerca de 40,2 milhões de lares — são chefiados por mulheres.
O número reflete o crescimento da participação feminina nas responsabilidades econômicas do país, embora a presença no mercado de trabalho ainda seja desigual: elas representam apenas 43,3% das pessoas ocupadas no Brasil.
A disparidade se acentua em grupos específicos. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), mais de 11,3 milhões de mulheres no país são mães solo, ou seja, criam os filhos sem apoio de parceiros ou redes familiares. O cenário impõe desafios adicionais à gestão financeira e ao equilíbrio entre trabalho, renda e cuidado.
Maioria das mulheres participa da gestão financeira familiar
Apesar dos obstáculos, estudo da Serasa divulgado em 2024 revelou que 93% das mulheres brasileiras têm participação ativa nas finanças da casa.
O dado reforça a necessidade de planejamento financeiro, especialmente entre mães, já que os custos relacionados à criação de filhos podem elevar os gastos familiares entre 40% e 60%, segundo estimativas da corretora Geração Futuro.
Especialistas recomendam que, além de controlar os gastos e formar uma reserva de emergência, mães e pais transmitam noções de educação financeira desde cedo às crianças, promovendo um ambiente de consciência e responsabilidade econômica.
Perfis financeiros das mães brasileiras
Estudo conduzido por especialistas em finanças pessoais identificou cinco perfis comportamentais comuns entre mães, com base em como lidam com o dinheiro:
1. Mães com perfil gastador
Tendem a consumir toda a renda mensal disponível, muitas vezes motivadas por impulsos. Ainda que não necessariamente endividadas, essas mulheres raramente conseguem poupar. Especialistas apontam a importância do autocontrole e da definição de orçamentos mensais para evitar futuros problemas financeiros.
2. Mães com perfil devedor
Possuem histórico de dívidas e enfrentam dificuldades em controlar gastos. Com frequência, recorrem a linhas de crédito com juros elevados. A orientação é buscar renegociações e priorizar alternativas com custos menores, como empréstimos pessoais com taxas reduzidas.
3. Mães com perfil poupador
Demonstram equilíbrio financeiro, reservando parte da renda para emergências e investimentos no futuro dos filhos, como educação. No entanto, especialistas alertam para o risco de cautela excessiva, que pode limitar a qualidade de vida e oportunidades de lazer.
4. Mães com perfil investidor
Apostam na diversificação de investimentos e assumem riscos em busca de melhores retornos financeiros. Embora essa postura possa gerar crescimento patrimonial, é necessário cuidado para não comprometer a estabilidade familiar com aplicações de alto risco.
5. Mães com perfil “desligado”
Ainda que não enfrentem dívidas nem gastos excessivos, não planejam o futuro nem aplicam os recursos. Geralmente, deixam o dinheiro parado e evitam lidar com temas financeiros. O desafio é desenvolver maior consciência sobre a importância do planejamento e da educação financeira.
Educação financeira como ferramenta de transformação
Independentemente do perfil, pesquisas indicam que a maioria dos pais e mães busca ensinar valores financeiros aos filhos. De acordo com levantamento realizado pela Serasa e Opinion Box, 85% dos responsáveis conversam com os filhos sobre finanças.
Outro estudo, da fintech Acordo Certo, aponta que 70% das mães incentivam a prática da administração do dinheiro desde a infância.
O fortalecimento da educação financeira familiar é visto por especialistas como um passo fundamental para quebrar ciclos de endividamento e promover maior autonomia econômica — especialmente entre mulheres que lideram lares e desempenham múltiplas funções.