Instabilidade fiscal e mudanças no IOF elevam incertezas no ambiente de negócios

Medidas recentes do governo geram críticas do setor produtivo e sinalizam falta de previsibilidade econômica

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Foto: Reprodução/ Freepik

A tentativa do governo federal de elevar a arrecadação por meio do aumento de impostos tem provocado reações negativas no setor produtivo e reforçado um cenário de instabilidade regulatória.

A mais recente controvérsia envolve o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cuja elevação, anunciada em maio, gerou insegurança jurídica, suspensão de contratos e paralisia em setores econômicos relevantes.

Inicialmente, a medida visava gerar uma receita adicional de R$ 60 bilhões até 2026. No entanto, diante da resistência de instituições financeiras, cooperativas de crédito e empresários, além da ameaça de rejeição pelo Congresso Nacional, o governo recuou e optou por reformular o plano. Estima-se que a projeção de arrecadação tenha sido reduzida para cerca de R$ 18 bilhões.

Durante esse processo, houve críticas sobre a ausência de diálogo prévio com os setores envolvidos e sobre a complexidade técnica da proposta. Analistas apontam que a imprevisibilidade e as mudanças frequentes nas regras tributárias dificultam o planejamento das empresas e aumentam a percepção de risco no país.

Nova medida provisória altera impostos em diversos setores

Em resposta à reação negativa, o governo publicou, na noite de 11 de junho, uma nova medida provisória com ajustes tributários que incidem sobre diferentes setores. Entre as principais alterações:

A equipe econômica estima que a medida possa gerar R$ 44 bilhões em receitas extras em 2026. No entanto, sua aprovação pelo Congresso ainda é incerta. O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que não há compromisso firmado para aprovar a MP.

Falta de previsibilidade afeta economia

Para economistas e representantes do setor produtivo, o principal problema não está no conteúdo das medidas, mas na forma como têm sido implementadas.

A ausência de um planejamento claro e a constante revisão de regras tributárias elevam o custo do capital, atrasam investimentos e comprometem a recuperação econômica.

A crítica foi endossada por declarações do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que classificou os efeitos da nova medida como limitados a “moradores de cobertura”, em referência aos contribuintes de maior renda.

A declaração, no entanto, foi vista por especialistas como uma simplificação que desconsidera os efeitos indiretos, como o repasse de custos ao consumidor final e a retração nos investimentos.

O diagnóstico é compartilhado por diversos analistas: incerteza custa caro. Ela desacelera a atividade econômica, compromete a arrecadação e obriga o governo a buscar soluções emergenciais que, muitas vezes, resultam em novas distorções.

Desafio estrutural

A questão fiscal brasileira exige medidas mais estruturais e menos reativas, segundo especialistas. O atual modelo, baseado em soluções pontuais para demandas de curto prazo, tem gerado um ciclo de instabilidade que afeta a confiança de investidores e dificulta o crescimento sustentável.

A estabilidade regulatória e a previsibilidade das regras tributárias são apontadas como elementos essenciais para estimular investimentos, gerar empregos e garantir o equilíbrio das contas públicas no longo prazo.

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