Apesar dos avanços legais e regulatórios no Brasil no enfrentamento a fraudes corporativas, a formação acadêmica em Ciências Contábeis ainda apresenta lacunas na preparação de profissionais especializados no tema. A avaliação é do perito contador e investigador de fraudes Marcelo Alcides Carvalho Gomes.
Análise revela baixo volume de pesquisa na área
Em seu estudo intitulado 25 Anos da Perícia Contábil na Investigação de Incidentes de Não Conformidade, Gomes traça um panorama do desenvolvimento do campo de estudos voltado à detecção de desvios de recursos em empresas públicas e privadas.
Segundo o autor, embora a legislação tenha evoluído, o mesmo não ocorreu com a produção científica e com os currículos dos cursos da área contábil.
A pesquisa destaca a escassez de teses, dissertações e publicações acadêmicas voltadas à perícia contábil voltada à investigação de fraudes. Gomes observa que, desde o lançamento de sua obra Uma contribuição à prevenção de fraudes contra empresas, publicada em 2000, o campo acadêmico avançou pouco.
Pesquisador defende maior atenção da academia
Marcelo Gomes, que é mestre e doutor em Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), defende maior envolvimento das instituições de ensino superior na capacitação de contadores peritos.
Ele também atua como pesquisador do PERFORT – Grupo de Investigações Periciais, Forenses e Tecnológicas, vinculado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, com aprovação do CNPq.
Além de sua atuação acadêmica, Gomes é membro da Academia Paulista de Contabilidade, onde ocupa a cadeira número 70. O pesquisador alerta que, sem formação adequada, o país continuará dependente de um número reduzido de especialistas para atuar em um campo estratégico para a integridade das organizações.