Cresce número de microempreendedores desenquadrados por excesso de faturamento

Mais de meio milhão de microempreendedores individuais estavam fora da margem da categoria por exceder a receita bruta acima do teto de R$ 81 mil ao ano

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Foto: Reprodução/ Freepik

Mais de 570 mil microempreendedores individuais (MEIs) foram desenquadrados da categoria em 2023 por ultrapassarem o limite de R$ 81 mil de receita bruta anual.

O número representa um aumento expressivo em relação ao ano anterior e foi revelado em levantamento da plataforma Contabilizei, com base em dados da Receita Federal.

A quantidade de MEIs que excederam o teto de faturamento cresceu quase 30 vezes de 2023 para 2024, segundo a análise. O desenquadramento por esse motivo, embora represente a perda de benefícios do regime simplificado, é considerado um indicativo de avanço financeiro do negócio, ao evidenciar a necessidade de transição para uma microempresa (ME).

Desenquadramento automático exige atenção do empreendedor

O desenquadramento pode ocorrer de forma voluntária ou automática, quando a Receita Federal detecta o excesso por meio de cruzamentos de dados, como movimentações por cartão de crédito e transações via Pix.

O avanço das tecnologias de monitoramento tem ampliado a capacidade do fisco de fiscalizar as atividades econômicas em tempo real.

Especialistas alertam que a saída automática do regime sem planejamento pode gerar complicações, como débitos fiscais retroativos, apuração de impostos com multa e juros e necessidade de regularização do CNPJ.

A recomendação é buscar assessoria contábil assim que o faturamento começar a se aproximar do limite legal.

Caso o faturamento anual ultrapasse em até 20% o limite permitido (R$ 97,2 mil), o empreendedor deve pagar uma guia complementar e se desenquadrar no ano seguinte.

Se o valor excedente for superior a 20%, é obrigatório informar à Receita e realizar o desenquadramento imediatamente, com efeito retroativo ao início do ano-calendário.

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Número de exclusões por inadimplência também cresce

Outro fator relevante foi o crescimento de exclusões de MEIs por inadimplência com a Receita Federal. Em 2024, mais de 1 milhão de CNPJs foram retirados da categoria automaticamente por não estarem em dia com as obrigações fiscais. O volume representa um salto expressivo: em comparação com 2022, o crescimento é de 270 vezes.

Com a exclusão, o empreendedor perde benefícios como emissão simplificada de notas fiscais, isenção de tributos federais e acesso a crédito facilitado.

Mesmo com a exclusão, é possível manter o número do CNPJ e continuar operando, desde que a regularização seja feita e o negócio migre para um regime tributário compatível, como o Simples Nacional.

Prazos e novas exigências para MEIs

Declaração Anual

Todos os MEIs devem enviar a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN-SIMEI) até 31 de maio. O documento informa as receitas obtidas no ano anterior e é obrigatório, inclusive para empresas sem faturamento.

O atraso na entrega pode gerar multa de 2% ao mês, limitada a 20% do total declarado, com valor mínimo de R$ 50.

Pagamento consolidado de tributos

Desde março, está disponível a opção de emissão de guia única (DAS consolidado) para quitação de tributos em atraso. A funcionalidade permite que o empreendedor pague vários períodos de apuração em uma única guia, facilitando a regularização.

Emissão obrigatória de Nota Fiscal Eletrônica

Desde abril, todos os MEIs estão obrigados a emitir Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) com o código CRT4, criado para identificar as operações da categoria e padronizar os registros. A medida visa aumentar a transparência e facilitar a fiscalização, reduzindo riscos de autuações por erros ou omissões.

Perfil e crescimento do MEI no Brasil

O regime do Microempreendedor Individual foi criado para facilitar a formalização de profissionais autônomos. Entre as restrições, estão: possibilidade de contratação de apenas um funcionário, vedação à participação em outras empresas e limitação de receita anual. O MEI também não pode ocupar cargos públicos comissionados.

Apesar das restrições, o modelo tem crescido. No primeiro trimestre de 2024, mais de 1,4 milhão de novas empresas foram abertas no país — 77% delas como MEI. O número representa um crescimento de 37% em relação ao mesmo período de 2023. Considerando a última década, o aumento acumulado é de mais de 181%.

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