O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) renovaram nesta quarta-feira (10) seu acordo de cooperação técnica, com vigência de cinco anos.
A assinatura ocorreu durante a abertura do seminário “O Impacto do Cooperativismo no Desenvolvimento do Brasil e o Apoio do BNDES”, realizado em parceria com o portal Metrópoles, em Brasília. O evento reuniu mais de 170 autoridades e especialistas para debater o papel do cooperativismo no crescimento econômico sustentável do país.
Objetivos do acordo e ações previstas
O acordo tem como objetivo ampliar o acesso das cooperativas brasileiras às linhas de financiamento e às soluções oferecidas pelo BNDES. Entre as ações previstas estão eventos de capacitação, desenvolvimento de projetos e plataformas de apoio, além do intercâmbio de informações e estudos para fortalecer o setor cooperativo.
Importância do cooperativismo na distribuição de recursos
Na abertura do seminário, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a importância do cooperativismo e a atuação das cooperativas como intermediárias na distribuição de recursos.
Em 2024, elas foram responsáveis pelo repasse de R$ 37,4 bilhões — o equivalente a 34% das operações de repasse realizadas por meio de agentes financeiros parceiros. Em 2014, essa participação era de apenas 3%.
Atualmente, o Brasil conta com 4.509 cooperativas, que somam 23,5 milhões de cooperados e geram cerca de 550 mil empregos diretos. O setor movimenta anualmente R$ 692 bilhões, de acordo com dados apresentados no evento.
Procap Crédito e fortalecimento do setor
Uma das ações em curso para fortalecer as cooperativas é o Procap Crédito, programa do BNDES voltado à estruturação patrimonial das cooperativas de crédito. Com dotação de R$ 2 bilhões em 2023, o programa teve sua vigência prorrogada até o fim de 2025.
O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, afirmou que o setor pretende alcançar, até 2027, a marca de R$ 1 trilhão em faturamento anual e 30 milhões de cooperados. Para atingir essa meta, a entidade atua em cinco áreas prioritárias: gestão e governança, inovação e Tecnologia, sustentabilidade, comunicação e representação política.
Uso do dólar no custeio agrícola
Representando o Ministério da Agricultura e Pecuária, o assessor especial Carlos Ernesto Augustin defendeu o uso do dólar como alternativa para o custeio agrícola em 2025, destacando a experiência do BNDES na captação de capitais internacionais.
Participação parlamentar e apoio político
O seminário contou ainda com a participação dos deputados federais Fernando Mineiro e Arnaldo Jardim, que apontaram o cooperativismo como uma ferramenta eficaz para enfrentar desafios econômicos e sociais.
O evento também abrigou dois painéis de discussão mediados por diretores do BNDES. No primeiro, conduzido por Maria Fernanda Coelho, diretora de Crédito Digital para MPMEs, os participantes debateram o impacto do cooperativismo de crédito no desenvolvimento socioeconômico.
Inclusão financeira e presença regional
Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, o setor contribui de forma significativa para a inclusão financeira. O país possui atualmente 753 cooperativas de crédito, que somam 19,2 milhões de cooperados e ativos totais de R$ 885 bilhões. Aquino ainda ressaltou que os benefícios oferecidos aos cooperados, como taxas de crédito mais baixas e melhores condições de depósito, justificam a tributação diferenciada do setor.
Enio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica do Sicoob, alertou para a baixa presença das cooperativas no Norte e Nordeste, regiões onde a cobertura é de apenas 40% e 15% dos municípios, respectivamente, em contraste com os 97% no Sul. Entre 2021 e 2025, no entanto, foram abertas 320 novas agências nessas regiões, enquanto bancos tradicionais encerraram 140 unidades.
O pesquisador Alison Pablo de Oliveira, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), apresentou dados que mostram impactos positivos da instalação de cooperativas de crédito em municípios, destacando sua maior resiliência em períodos de crise.
O segundo painel, moderado por José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo do BNDES, abordou experiências de cooperativas agroindustriais. O presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek, defendeu o modelo como uma ferramenta eficaz para promover o desenvolvimento sustentável em comunidades de todo o país.